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Em 2024, um total de 54 jornalistas foram assassinados, 550 encarcerados e 55 sequestrados, de acordo com o balanço anual da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que denuncia “números recordes” e afirma que “o jornalismo paga um preço humano exorbitante nos conflitos e nos regimes opressores”.
A Repórteres Sem Fronteiras revela em seu último balanço um “agravamento alarmante” dos ataques contra jornalistas, especialmente nas zonas de conflito, onde ocorre metade dos assassinatos de profissionais da informação registrados neste ano.
“Os jornalistas não morrem, os matam; não estão na prisão, os regimes os encarceram; não desapareceram, foram sequestrados. Esses crimes, muitas vezes orquestrados por governos ou grupos armados, são uma afronta ao direito internacional e, com demasiada frequência, ficam impunes. Precisamos mudar o estabelecido e lembrar a nós mesmos, como cidadãos, que é por nós, para nos informar, que os jornalistas morrem. Precisamos continuar contando, denunciando, investigando e zelando para que se faça justiça. A fatalidade nunca deve triunfar. Proteger quem nos informa é proteger a verdade”, afirmou Thibaut Bruttin, diretor-geral da RSF.
Em relação aos 54 jornalistas assassinados, a RSF detalhou que 31 deles foram mortos em zonas de conflito (Oriente Médio, Iraque, Sudão, Birmânia e Ucrânia), alcançando o seu maior nível nos últimos cinco anos (57,4%). Além disso, Gaza é a região mais perigosa do mundo para jornalistas, concentrando um terço dos assassinatos, “todos mortos pelas mãos do Exército israelense no exercício de sua profissão”, segundo os dados disponíveis até o momento.
“A Palestina é o país mais perigoso para informar e registra o maior número de assassinatos de repórteres em todo o mundo nos últimos cinco anos”, alertou a organização, que detalhou que mais de 145 jornalistas foram assassinados por Israel desde outubro de 2023, sendo pelo menos 35 durante ou devido ao seu trabalho. A RSF apresentou quatro denúncias à Corte Penal Internacional (CPI) por crimes de guerra cometidos contra repórteres por Israel.
Como consequência do elevado número de jornalistas assassinados no Paquistão (7) e durante as manifestações em Bangladesh (5), a Ásia continua, em 2024, sendo a segunda região com maior número de assassinatos de profissionais da mídia. Mais de 1.700 jornalistas foram assassinados no mundo nos últimos 20 anos.
Além disso, a RSF constatou um aumento no número de jornalistas encarcerados em 2024 (+7,2%), devido, especialmente, às novas detenções na Rússia (+8) e Israel (+17). Neste caso, Israel é o país que mais jornalistas prendeu desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, tornando-se a terceira maior prisão do mundo para a imprensa.
Penas que somam mais de 250 anos
As quatro maiores prisões do mundo são na China (124 jornalistas presos, 11 deles em Hong Kong), Birmânia (61), Israel (41) e Bielorrússia (40), que juntas mantêm cerca da metade dos jornalistas encarcerados no planeta (550). “O encarceramento é uma ferramenta de repressão, especialmente ao serviço da agressão russa na Ucrânia e da ofensiva israelense em Gaza”, afirmou a RSF, acrescentando que “a Rússia (38) usa suas prisões para reprimir tanto as vozes independentes russas, quanto as ucranianas (19)”, e que 72 jornalistas foram condenados em 2024 a penas que somam mais de 250 anos.
Em relação aos 55 jornalistas sequestrados, 70% estão na Síria. “A maioria deles foi sequestrada pelo Estado Islâmico durante a guerra, e dez anos depois, continua sendo extremamente difícil, para não dizer praticamente impossível, obter informações sobre seu paradeiro”, afirmou a ONG, que considera que a queda do regime de Bashar al-Assad “abre uma janela de esperança para o jornalismo”. Dos 55 jornalistas atualmente em cativeiro no mundo, dois foram sequestrados em 2024 pelos hutis no Iémen.
Um total de 95 jornalistas permanecem desaparecidos em 34 países ao redor do mundo, sendo que mais de 25% desapareceram nos últimos dez anos. Além disso, 28 desapareceram na última década: México (5), Síria (3), Mali (3), República Democrática do Congo (2), Palestina (2) e Iraque (2). “Esses desaparecimentos são frequentemente atribuídos a governos autoritários ou negligentes e sublinham a necessidade urgente de reforçar a proteção dos jornalistas e combater a impunidade”, destacou.
Neste cenário, a RSF pede aos Estados que ratifiquem a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados. Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2006, esta Convenção foi assinada por apenas 75 países até o momento. O México concentra mais de 30% dos casos de jornalistas desaparecidos e, em 2024, ocorreram quatro novos desaparecimentos forçados no Burkina Faso, Nicarágua, Rússia e Síria.
(Com informações da AP)