As autoridades de saúde pública estão pedindo aos moradores em risco na região da Costa do Golfo do Mississippi que tomem precauções extras depois que uma investigação revelou bactérias mortais que vivem no solo ao redor das casas de duas pessoas que ficaram doentes.
A investigação foi iniciada depois que dois moradores não relacionados – um este ano e outro em 2020 – ficaram doentes por melioidose na área. Acredita-se que ambos tenham contraído melioidose, também conhecida como doença de Whitmore , depois de terem sido expostos a uma cepa de uma bactéria rara conhecida como Burkholderia pseudomallei, que normalmente é vista apenas em países tropicais.
Embora a bactéria tenha sido encontrada em Porto Rico, o anúncio de quarta-feira marca a primeira vez que a bactéria foi descoberta no solo de um estado dos EUA.
Ambos os indivíduos se recuperaram desde então, um porta-voz do departamento de saúde do Mississippi confirmou em um e-mail. O CDC disse em um alerta de saúde que os pacientes foram hospitalizados por sepse e foram tratados com antibióticos para combater a bactéria.
Os pacientes geralmente desenvolvem sintomas em média uma semana depois de serem expostos à bactéria, muitas vezes tocando sujeira ou poças contaminadas, disse o CDC.
Apelidada de “grande imitadora “, a doença é notoriamente desafiadora para os médicos diagnosticarem devido à grande variedade de sintomas que pode causar.
Dependendo de qual parte do corpo está infectada, os sintomas podem incluir febre, inchaço, tosse, dor nas articulações ou convulsões. Qualquer órgão pode ser infectado pela bactéria, incluindo o cérebro.
Apenas uma fração das exposições à bactéria – um estudo estimou 1 em 4.600 – resulta em doença. Mas para aqueles que contraem melioidose, as taxas de mortalidade podem variar de 10% na Austrália a 35% na Tailândia .
Os laboratórios também podem se esforçar para identificar com precisão Burkholderia pseudomallei em amostras coletadas de pacientes. Um caso no Texas de um surto recente não relacionado foi inicialmente identificado erroneamente por cientistas usando um algoritmo automatizado para investigar a amostra.
O CDC disse que uma média de 12 casos são diagnosticados em todo o país a cada ano, geralmente em pessoas que viajaram recentemente para um país tropical no exterior onde a bactéria está enraizada no meio ambiente.
“Por causa da identificação desta bactéria na Costa do Golfo do Mississippi, as pessoas com alto risco de infecção grave que vivem na Costa do Golfo devem tomar as precauções recomendadas”, disse o epidemiologista do estado do Mississippi, Dr. Paul Byers, em um comunicado .
Acredita-se que a bactéria esteja na área desde pelo menos 2020 e representa um risco “muito baixo” para o público em geral, de acordo com o CDC. Muitas pessoas saudáveis que se deparam com a bactéria no ambiente nunca acabam com melioidose.
No entanto, as duas agências dizem que alguns moradores correm maior risco de doença grave e precisam tomar precauções.
Esses passos extras incluem evitar lama, especialmente após fortes chuvas, e usar luvas e botas para evitar tocar em solo contaminado com Burkholderia pseudomallei.
“As condições subjacentes mais comuns que tornam uma pessoa mais propensa a adoecer ou morrer de melioidose incluem diabetes, uso excessivo de álcool, doença pulmonar crônica, doença renal crônica e condições imunossupressoras”, disse o CDC.
Antes deste ano, caçadas anteriores por autoridades de saúde pública não haviam encontrado evidências de Burkholderia pseudomallei vivendo em solo americano fora de Porto Rico. Lá, os cientistas relataram anteriormente que a bactéria é “rara, mas ecologicamente estabelecida”.
No entanto, houve casos anteriores relatados pelos departamentos de saúde estaduais, aumentando a preocupação de que a bactéria possa estar se espalhando mais amplamente em solo dos EUA.
Em 2018, foi relatado um caso em um homem no Texas que não viajava para fora do país há décadas. Os investigadores não conseguiram identificar uma fonte para a infecção, o que o sequenciamento genômico sugeriu pode estar ligado a um caso anterior do mesmo município cerca de 15 anos antes.
Quatro pessoas foram infectadas – duas das quais morreram – em um surto no ano passado. O CDC eventualmente vinculou essas infecções a sprays de aromaterapia contaminados vendidos pelo Walmart.
A agência diz que continua investigando a possível disseminação da bactéria com os departamentos estaduais de saúde, o que exigirá “amplas amostras ambientais”.
O anúncio de quarta-feira adiciona os Estados Unidos continentais à lista de países que se acredita estarem enfrentando melioidose endêmica, embora cientistas federais tenham estimado que a propagação e o número de vítimas da doença provavelmente sejam subnotificados em todo o mundo.
No início deste ano, o Conselho de Epidemiologistas Estaduais e Territoriais também votou para adicionar a doença à lista do CDC de doenças de notificação obrigatória para os departamentos de saúde estaduais.
Embora não seja viável remover as bactérias do solo, a agência diz que “os esforços de saúde pública devem se concentrar principalmente na melhoria da identificação de casos” para tratamento adequado.
