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O ex-rei espanhol Juan Carlos I conseguiu que um processo de US$ 154 milhões movido por uma ex-amante fosse rejeitado por um tribunal britânico. A mulher alegava que o monarca desgraçado tentou envolvê-la em um esquema de evasão fiscal e assediou-a em casa.
Juan Carlos foi processado por Corinna zu Sayn-Wittgenstein-Sayn, uma empresária dinamarquesa com quem teve um caso entre 2004 e 2009. Sayn-Wittgenstein alegava que o ex-rei lhe deu um presente de US$ 68 milhões em 2012 para esconder a quantia das autoridades fiscais, tornando-se abusivo quando ele pediu acesso ao dinheiro e ela recusou.
Sayn-Wittgenstein também alegava que Juan Carlos teve seu telefone monitorado, fez homens armados atirarem em câmeras de segurança fora de sua casa e providenciou para que um livro alegando que agentes da inteligência britânica mataram a princesa Diana fosse colocado dentro da propriedade como uma espécie de aviso. Sayn-Wittgenstein pediu US$ 154 milhões em indenização de seu ex-parceiro.
O caso foi arquivado no Supremo Tribunal de Londres na sexta-feira, com a juíza Rowena Collins Rice decidindo que Sayn-Wittgenstein não poderia provar que foi assediada em território britânico. Além disso, como Juan Carlos reside nos Emirados Árabes Unidos, o juiz declarou que não poderia ser processado no Reino Unido.
Juan Carlos nega ter assediado Sayn-Wittgenstein, e um porta-voz do ex-monarca disse que a decisão de sexta-feira “sem surpresa confirma sua inocência”. Sayn-Wittgenstein disse estar “profundamente decepcionada” com a decisão e está considerando outras opções legais.
O caso de assédio foi um dos vários escândalos que Juan Carlos tem enfrentado desde que abdicou do trono em 2014. Em meio ao declínio da popularidade pública e à indignação com uma luxuosa viagem de caça a elefantes ao Botswana, o monarca passou o poder ao seu filho, o príncipe Felipe.
Juan Carlos fugiu da Espanha para Abu Dhabi em 2020, depois que uma investigação de corrupção foi aberta contra ele. Esta investigação foi posteriormente arquivada, juntamente com uma investigação sobre o suposto uso de cartões de crédito vinculados a contas bancárias estrangeiras. O ex-rei resolveu outra investigação de fraude fiscal em 2021, pagando ao governo espanhol 4,9 milhões de dólares.
O arquivamento da ação de assédio encerra o último processo judicial contra Juan Carlos e abre caminho para que ele retorne à vida pública, embora tenha retornado diversas vezes à Espanha desde 2014 para participar de competições de vela.
“A decisão de hoje, favorável a Sua Majestade, restabelece as condições necessárias para novas aparições públicas”, disse seu porta-voz em comunicado.
