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Finalmente, chegou o dia em que os “astronautas presos da NASA” puderam olhar para a Terra e ter certeza de que poderão retornar para casa depois de uma estadia inesperada na Estação Espacial Internacional (EEI), que deveria durar 8 dias, mas se prolongou por mais de 9 meses.
Após várias demoras, a cápsula Dragon da SpaceX, na missão Crew-10, foi lançada anteontem com quatro novos astronautas que substituirão a tripulação atual da EEI, incluindo os já famosos astronautas “presos no espaço”.
Trata-se dos americanos Barry “Butch” Wilmore e Sunita “Sunni” Williams, que chegaram a bordo da nova cápsula Starliner da Boeing ao complexo orbital em 6 de junho do ano passado e que deveriam permanecer até o dia 14 do mesmo mês.
No entanto, diversos falhas e problemas nos propulsores da nave (cinco falhas no sistema de controle de reação, além de repetidos vazamentos de hélio, até no voo de ida) fizeram com que, por questões de segurança, os astronautas precisassem permanecer no espaço por mais tempo do que o programado inicialmente.
Após várias semanas tentando reparar os vazamentos e restaurar o bom funcionamento dos propulsores da cápsula para garantir um voo seguro de retorno à Terra, os engenheiros não conseguiram resolver os problemas, e a NASA decidiu que a nave Starliner voltaria ao planeta sem tripulação.
Mesmo assim, os comandantes Butch Wilmore e Suni Williams estiveram muito ocupados na estação espacial nos últimos nove meses. Além de se adaptarem à vida em microgravidade durante todo esse tempo, realizaram diversos experimentos científicos e várias caminhadas espaciais (EVA), nas quais completaram a manutenção do equipamento de rádio danificado na EEI e conseguiram finalmente retirar uma unidade de comunicação defeituosa.
Essa missão espacial, junto com outras saídas anteriores, permitiu que Williams quebrasse um recorde, tornando-se, em 3 de fevereiro último, a mulher que mais tempo passou caminhando no espaço, com um total de 62 horas e seis minutos em sua carreira.
Final feliz para os astronautas “presos”
Embora a NASA insista em afirmar que os astronautas não estão “presos”, a realidade é que não conseguiram retornar até agora à Terra e precisam esperar que a atual missão espacial termine, ocupando os dois assentos disponíveis na cápsula Dragon da SpaceX.
Na noite de sexta-feira, o foguete Falcon 9 foi lançado do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, às 19h04 EDT (21h04 hora argentina), como parte de uma rotação de pessoal de rotina da EEI.
A bordo da cápsula Dragon, viajam quatro astronautas: Nichole Ayers e Anne McClain, da NASA; o astronauta da Roscosmos, Kirill Peskov; e Takuya Onishi, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão. Todos chegarão neste domingo de manhã para substituir os astronautas “presos” e Nick Hague e Aleksandr Gorbunov, da Roscosmos, que retornarão para casa a bordo da cápsula Crew-9 no próximo dia 19 de março.
Embora Wilmore e Williams cheguem hoje à EEI, levará alguns dias para que comecem a jornada final de retorno à Terra. Isso porque ambos, juntamente com Hague e Gorbunov, participarão do processo de relevo da EEI, que é fundamental para garantir a continuidade das operações científicas no laboratório que orbita nosso planeta a 400 quilômetros de distância.
Quando uma nova tripulação chega, os astronautas da equipe anterior transferem informações essenciais sobre o estado dos sistemas, experimentos em andamento e tarefas de manutenção. Essa transição é fundamental para evitar interrupções nos estudos científicos e nas atividades diárias da estação.
Enquanto a EEI segue operando normalmente e com suprimentos suficientes, a expectativa pelo retorno de Williams e Wilmore cresce. “As oportunidades para o aprimoramento da humanidade são o objetivo de toda essa exploração, onde quer que ela aconteça”, refletiu Wilmore, destacando a importância da pesquisa espacial e da adaptação diante de imprevistos.
“Chegamos preparados para uma longa estadia, embora planejássemos uma curta”, disse Wilmore em uma coletiva de imprensa transmitida da EEI em 4 de março. “Isso é o que fazemos em voos espaciais tripulados. O programa de voos espaciais tripulados do seu país é isso: planejar para contingências desconhecidas e inesperadas. E foi o que fizemos”, acrescentou.
No entanto, em uma entrevista recente, ambos os astronautas disseram sentir falta de certos aspectos da vida rotineira na Terra. “Uma das razões pelas quais sinto falta dos meus cachorros é porque posso levá-los para passear, e às vezes chove, às vezes faz vento, às vezes está calor”, declarou Williams. “Estou com muita vontade de sentir todo esse clima da Terra”, completou.
Dentro da EEI, o clima é bem constante, com a temperatura fixada em 24°C e uma umidade em torno de 40%. O único vento que se percebe é a brisa de um ventilador ou ao flutuar em microgravidade.
Com a chegada da Crew-10, a NASA poderá continuar seu plano de rotação de tripulações e preparar futuras missões em colaboração com a SpaceX e outras agências espaciais. A estação espacial segue sendo um laboratório em órbita onde os astronautas não apenas pesquisam o espaço, mas também desenvolvem tecnologias que poderão ser fundamentais para futuras missões à Lua e Marte.
O retorno de Wilmore e Williams, no dia 19 de março, marcará o fim de uma longa odisseia espacial que, embora não tenha quebrado recordes de permanência no espaço, representou um enorme desafio logístico e técnico.
Sua experiência demonstra a importância da preparação nas missões espaciais e da capacidade de adaptação diante do inesperado. Agora, com a Crew-10 a bordo, a EEI continuará operando com uma tripulação renovada e pronta para assumir novas tarefas na exploração espacial.
