Em entrevista à revista Veja, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não realizou uma ruptura institucional contra o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo “bem do Brasil”.
Ao ser questionado sobre qual foi o momento de maior tensão do governo Bolsonaro, o parlamentar respondeu: “O Sete de Setembro. Bolsonaro já estava saturado com uma sequência de decisões do Judiciário que a gente entendia que eram absurdas, tomadas para provocar, desgastar. Há ministros ponderados no STF, que têm de fazer os outros entenderem que não dá para alguém se intitular o salvador da Pátria, como se estivesse defendendo o Brasil de um ditador chamado Bolsonaro!”.
Perguntado se o ministro seria Alexandre de Moraes, Flávio disse: “Prefiro não dar o nome senão vão falar que estou atacando o Supremo de novo. Vou deixar que vistam a carapuça”.
“Mas por que o Sete de Setembro foi o momento mais tenso?”, questionou o repórter e o senador respondeu: “Todo mundo estava acreditando que o presidente iria causar uma ruptura institucional. Aliás, era o que muita gente queria, e ele, em sua sabedoria, não o fez pelo bem do Brasil”.
“Tinha conselheiro dizendo que o presidente não devia mais ceder, que o Supremo havia ultrapassado o limite, que acabou”, completou.
Questionado sobre quais conselheiros, Flávio disse: “Ele conversa com muita gente. São pessoas com perfil ideológico, com dificuldade de compreender o espaço político que o presidente da República tem de dar para conseguir governar. Se o presidente fosse fazer o que essas pessoas queriam, teríamos um ditador aqui. Mas esse não é o perfil do meu pai”.
“O presidente estava se sentindo acuado e constrangido. Mas não chegou a pensar em fazer alguma coisa. Ele estava vendo que havia uma fritura, uma tentativa de encurralá-lo por parte de algumas pessoas. Aquele discurso em frente ao Congresso foi reativo. Havia uma conspiração em andamento para derrubar o governo”, disse o senador sobre se chegou a ser cogitada uma “ruptura”.
Perguntado sobre a conspiração que citou, ele disse: “Havia pessoas trabalhando nos bastidores para derrubar o presidente, como o deputado Rodrigo Maia. Sabemos que ele tentou atrair ministros do Supremo para um plano que previa criar uma armadilha que levaria ao impeachment do presidente. Ele falou com alguns ministros do Supremo, e um deles me contou. Obviamente não posso falar nomes senão me complica, não vou ter como provar e vou expor o ministro”.