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Uma pesquisa preliminar realizada na Alemanha investigou como a restrição alimentar em períodos específicos pode impactar o equilíbrio metabólico em diferentes fases da vida. Os resultados em modelos animais evidenciaram diferenças essenciais entre jovens e adultos.
O jejum intermitente, que envolve alternar períodos de jejum com janelas de alimentação, é uma prática adotada por alguns adultos para perder peso em curto prazo. Contudo, seus efeitos em jovens podem não ser benéficos. Um estudo publicado na revista Cell Reports por pesquisadores da Universidade Técnica de Munique, do Hospital LMU de Munique e da instituição Helmholtz Munich revelou que o jejum intermitente pode afetar negativamente o metabolismo de adolescentes. Os cientistas encontraram que longos períodos sem ingestão calórica prejudicam o desenvolvimento das células beta do pâncreas em camundongos jovens. Essas células são cruciais para a produção de insulina.
“Nosso estudo confirma que o jejum intermitente é benéfico para adultos, mas pode implicar riscos para crianças e adolescentes”, afirmou Stephan Herzig, diretor do Instituto de Diabetes e Câncer de Helmholtz Munich. Durante os experimentos com os camundongos jovens, o jejum prolongado resultou em uma produção menor de insulina e uma maturação incompleta das células beta. “Interrompemos o desenvolvimento celular normal e observamos uma função comprometida no pâncreas”, explicou Peter Weber, um dos autores do estudo. Isso sugere que o jejum pode aumentar o risco de doenças metabólicas em estágios iniciais da vida.
Para avaliar se esses efeitos podem se aplicar a humanos, os pesquisadores compararam suas descobertas com dados de tecidos pancreáticos humanos. Foram encontradas semelhanças entre as alterações observadas nos camundongos jovens e as características de pacientes com diabetes tipo 1. Isso levanta a possibilidade de que um jejum inadequado na adolescência contribua para problemas metabólicos na idade adulta.
O jejum intermitente é um padrão alimentar que alterna períodos de jejum com janelas de alimentação, mas não especifica os tipos de alimentos a consumir. Existem várias modalidades, como o método 16/8, no qual se jejua durante 16 horas e se come em um período de 8 horas, ou o enfoque 5:2, que implica dias alternados de alimentação normal e restrição calórica. Estudos anteriores mostraram que o jejum intermitente melhora a sensibilidade à insulina em adultos, regula o metabolismo e reduz o risco de doenças cardiovasculares. Porém, esses resultados são apenas a curto prazo.
“A evidência demonstra que, a longo prazo (mais de 12 meses), o jejum intermitente não oferece vantagens significativas em comparação a um plano hipocalórico equilibrado em termos de perda de peso e melhorias metabólicas”, explicou Marianela Aguirre Ackermann, médica nutricionista e diabetóloga.
O novo estudo revelou que o impacto do jejum depende da idade. Em grupos de camundongos adultos e mais velhos, observou-se que essa prática melhorou a resposta do organismo à insulina. Após dez semanas, houve um aumento da sensibilidade à insulina nos camundongos adultos e mais velhos, o que sugere um possível efeito benéfico sobre o controle glicêmico. No entanto, os cientistas descobriram que o impacto do jejum em adolescentes pode ser adverso.
“Ficamos surpresos ao descobrir que os camundongos jovens produziam menos insulina após períodos de jejum prolongado”, afirmou Leonardo Matta, um dos principais pesquisadores. O estudo alerta que a prática de jejum intermitente pode fomentar uma relação pouco saudável com a comida em adolescentes, aumentando o risco de desenvolver distúrbios alimentares, como o transtorno por compulsão alimentar.
