Um novo inquérito da Polícia Civil de São Paulo revelou que pelo menos 37 crianças sofreram torturas e maus-tratos na creche Colmeia Mágica, na Zona Leste da cidade, entre 2009 e 2022. As vítimas, em sua maioria com idades entre 6 meses e 6 anos, eram obrigadas a ficar amarradas em lençóis, em pé por horas, e até mesmo comer o próprio vômito.
As novas denúncias vieram à tona após a repercussão do primeiro inquérito, aberto em 2022, que já havia indiciado as donas da creche, Roberta Serme e Fernanda Serme, e a funcionária Solange Hernandez, por torturar e maltratar outros nove alunos. As três mulheres foram condenadas à prisão em 2023.
No entanto, o segundo inquérito não conseguiu determinar se educadoras e outras funcionárias da creche também participaram dos crimes. A promotora Nilza Pinheiro Chain pediu à Polícia Civil que investigue a fundo a possível omissão ou participação de outras pessoas nos abusos.
As investigações revelaram que os castigos físicos e humilhações na Colmeia Mágica eram frequentes e aconteciam desde 2009. Crianças que choravam ou não comiam a comida eram obrigadas a ficar amarradas em lençóis presos a cadeiras de bebês, em banheiros escuros. Em alguns casos, elas eram obrigadas a ficar em pé por horas ou comer o próprio vômito.
Diversas ex-funcionárias da creche prestaram depoimento e contaram os horrores que presenciaram. Uma delas relatou que a diretora Roberta exigiu que um aluno comesse o próprio vômito. Outra contou que as crianças comiam quase sempre o mesmo tipo de comida num único prato sujo, compartilhado com outras crianças.
A Polícia Civil ainda investiga o caso e ainda não se sabe se as novas denúncias resultarão em novas indiciamentos. A Justiça poderá arquivar o inquérito, determinar a produção de novas provas ou responsabilizar as três investigadas por novos crimes.
A Colmeia Mágica foi fechada em 2022 após a repercussão do primeiro caso. As irmãs Roberta e Fernanda Serme estão presas, enquanto Solange Hernandez responde em liberdade.
