Segundo rede social, perfis disseminavam informações falsas para difamar movimento pró-democracia em Hong Kong e espalhar críticas aos EUA e Taiwan. Contas também publicavam notícias falsas sobre pandemia de covid-19.O Twitter informou nesta sexta-feira (12) que cancelou mais de 170 mil perfis ligados ao governo da China que propagavam campanhas de desinformação que tinham como alvo o movimento pró-democracia em Hong Kong, além de disseminar propagandas antiamericanas.
Eles tuitavam predominantemente no idioma chinês e disseminavam narrativas geopolíticas favoráveis ao Partido Comunista da China, ao mesmo tempo em que empurravam narrativas sobre a dinâmica política em Hong Kong”, afirmou a rede social em sua análise.
Além de disseminar a narrativa chinesa sobre os protestos em Hong Kong, os tuítes chineses também espalhavam informações falsas sobre a pandemia de covid-19 e críticas ao governo de Taiwan. Analistas e alguns governos ocidentais já vinham alertando sobre as suspeitas de que a China manipula perfis e contas controladas pelo Estado, disfarçados de usuários normais, para disseminar os pontos de vista do governo e espalhar desinformação.
Um analista do Instituto Australiano de Políticas Estratégicas (Aspi), que estudou os dados antes do anúncio feito pelo Twitter, disse que os perfis chineses lançavam críticas à reação do governo americano aos protestos antirracistas no país, no intuito de “criar uma percepção de equivalência moral com a supressão dos protestos em Hong Kong”.
“Nossa análise mostra que, ao mesmo tempo em que não permite que os cidadãos utilizem o Twitter, o Partido Comunista chinês gosta de utilizá-lo para disseminar propaganda e desinformação internacionalmente”, disse Fergus Hanson, diretor do Aspi.
O especialista observou também que as postagens da rede chinesa eram feitas, na maioria das vezes, durante o horário de expediente no país e nos dias úteis. Esse padrão, segundo Hanson, “demonstra claramente a não autenticidade e a coordenação” da divulgação de informações falsas.
O anúncio do Twitter veio no mesmo dia que o aplicativo Zoom, de conversas em grupo, acatou exigências impostas pelo governo chinês e fechou contas de ativistas pró-democracia dos Estados Unidos e de Hong Kong. A plataforma, que ganhou milhões de novos usuários durante a pandemia do novo coronavírus, foi utilizada para relembrar o massacre promovido pelo regime na Praça da Paz Celestial, em Pequim.
RC/RTP/AFP