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Uma comissão de investigadores nomeada pelas Nações Unidas (ONU) divulgou nesta quarta-feira (16) um relatório que implica o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e membros de seu governo em possíveis crimes conta a humanidade.
O documento feito pelos especialistas da ONU cita supostas execuções extrajudiciais e uso sistemático de tortura por parte do regime chavista.
A missão foi estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas no ano passado e encontrou “motivos razoáveis para acreditar que autoridades venezuelanas e forças de segurança planejaram e executaram sérias violações desde 2014”.
“Longe de serem atos isolados, esses crimes foram coordenados e cometidos de acordo com políticas estatais, com o conhecimento ou apoio direto de comandantes e funcionários de alto escalão do governo”, diz a chefe da missão da ONU, Marta Valinas.
O relatório de 411 páginas ainda cita “motivos razoáveis para acreditar que tanto o presidente [Nicolás Maduro] quanto os ministros do Interior, Justiça e Paz [Néstor Reverol] e da Defesa [Vladimir Padrino López] ordenaram ou contribuíram para o cometimento dos crimes documentados”.
Os investigadores da ONU pedem que as autoridades venezuelanas iniciem inquéritos “independentes, imparciais e transparentes” sobre as violações e garantam “reparação total” para as vítimas.
Além disso, afirmam que outras jurisdições, como o Tribunal Penal Internacional, devem considerar “ações legais” contra os responsáveis pelos crimes identificados pela missão.
A comissão de três investigadores não conseguiu visitar a Venezuela e baseou suas conclusões em 274 entrevistas feitas remotamente com vítimas, testemunhas e ex-oficiais do Estado, além de documentos confidenciais e processos judiciais.
A missão da ONU analisou mais de 2,5 mil incidentes ocorridos desde 2014 e que levaram a mais de 5 mil mortes causadas pelas forças de segurança. “As mortes parecem ser parte de uma política para eliminar membros indesejados da sociedade com a desculpa de combater o crime”, diz Valinas.
As torturas supostamente usadas por chavistas incluem estupros, asfixias, espancamentos, choques elétricos e ameaças de morte para obter confissões forçadas.
Maduro é acusado pela oposição e por parte da comunidade internacional, incluindo Estados Unidos, União Europeia e Brasil, de usar a violência contra dissidentes e de ser o principal responsável pela crise política, econômica e social na Venezuela. (ANSA).