Integrantes da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República e equipes do PT, incluindo o “gabinete da ousadia”, têm realizado reuniões diárias para pautar canais e perfis petistas, conforme registrado pelo Estadão.
De acordo com o jornal, influenciadores digitais são ocasionalmente convocados para briefings sobre os temas de interesse do Palácio do Planalto. As reuniões ocorrem virtualmente às 8 horas da manhã, contando com a presença de assessores da Secom, do PT nacional e das lideranças do partido na Câmara e no Senado.
A Secom, anteriormente liderada por Paulo Pimenta e atualmente por Laércio Portela, não forneceu explicações oficiais ao jornal sobre a participação de servidores e a interação com influenciadores pró-governo.
Uma rede de perfis governistas tem defendido o presidente Lula através de ataques coordenados a críticos e desqualificação da imprensa. Durante a tragédia no Rio Grande do Sul, o governo, o PT e os influenciadores têm respondido ao que chamam de ‘fake news’, incluindo críticas políticas e reportagens, com o objetivo de amplificar as ações de Lula no estado.
Segundo o Estadão, a interação entre o governo, o partido e os influenciadores é semelhante ao mecanismo utilizado durante o governo Bolsonaro. Em dezembro de 2023, o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário nacional de comunicação do partido, discutiu em uma reunião interna as reuniões diárias entre a Secom e comunicadores do partido para “pautar as redes que o PT alcança”, como sindicatos, movimentos sociais, prefeitos, vereadores e deputados estaduais.
Tatto afirmou a seus correligionários que o trabalho de comunicação “para fazer disputa política com nossos adversários” é baseado em “metodologia”, “ciência” e “expertise”. Ainda segundo o parlamentar, a ação “não é de graça”, embora o jornal não tenha encontrado registros de repasse de verba pública para os influenciadores.
“Às 8h da manhã tem um pedacinho do povo do PT, da delegação nacional, junto com o pessoal da Câmara, da liderança do PT, junto com o Senado, junto com a Secom do governo Lula. É feita uma chamada reunião de pauta. O que é uma reunião de pauta? O que vamos abordar hoje”, explicou Tatto na reunião.
Em entrevista ao Estadão, Jilmar Tatto evitou confirmar a participação diária da pasta nas reuniões, dizendo que ela ocorre “às vezes, dependendo do horário”. Sobre a participação de influenciadores digitais, o secretário nacional de comunicação do PT admitiu que são eventualmente chamados para a reunião de pauta.
“Às vezes, quando tem necessidade, a gente convida um (influenciador) ou outro. A gente já fez reuniões com eles, se conecta com eles. Tenta manter um canal. Mas a gente não conseguiu ainda ter um padrão de funcionamento com eles”, afirmou. “A gente quer cada vez mais fazer com que eles entrem nessa dinâmica que a gente está querendo, de pautar aquilo que a gente considera mais importante. Só que, às vezes, o que eles consideram importante a gente não considera”, acrescentou.
Membros da Polo Digital Marketing, agência de comunicação que presta serviços ao PT desde 2021, participam diariamente da reunião de pauta matinal sobre os temas prioritários do governo. Durante a campanha eleitoral de 2022, Clarisse Chalréo, sócia da agência, e Juan Herbert Jacob Cândido Pessôa, atual superintendente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), conduziam um grupo de WhatsApp chamado “gabinete da ousadia”.
Com pelo menos 19 funcionários, a agência mantém um contrato de prestação de serviços com o PT no valor de 117,7 mil reais. Recentemente, o humorista Whindersson Nunes entrou na mira das redes governistas após criticar a autopromoção da primeira-dama, Janja, durante a tragédia no Rio Grande do Sul.
O outro lado:
Não é verdade que a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República promova reuniões com uma versão petista do “gabinete do ódio”, como afirma a manchete do jornal o Estado de S. Paulo de hoje. O jornal faz uma abordagem sensacionalista e enviesada que distorce os fatos.
O que acontece eventualmente são reuniões de integrantes da Secom com as áreas de comunicação das lideranças do governo na Câmara e no Senado, bem como do PT e dos partidos da base, para informar sobre as ações e os programas prioritários de governo
O objetivo é fazer fluir as informações da gestão, incluindo novos lançamentos e entregas, para qualificar o trabalho das lideranças e da base do governo no Congresso. Não há a participação de influenciadores nessas reuniões com a Secom, muito menos a discussão sobre “ataques a críticos e desqualificação da imprensa”.
O texto do jornal tenta, por meio de ilações, criminalizar ações de gestão e serve ao único propósito de dar munição à oposição.
