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Uma possível reviravolta no cenário do crime organizado nacional pode estar em curso. Mensagens interceptadas pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) indicam o fim da recente aliança jurídica firmada entre as duas maiores facções criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV).
A informação, que inicialmente apontava para uma união de esforços no âmbito jurídico para fortalecer as facções dentro do sistema prisional federal e pressionar por benefícios como visitas íntimas, parece ter chegado a um abrupto fim.
De acordo com mensagens obtidas pela TV Globo, datadas da última segunda-feira (28), líderes do PCC e do CV comunicaram a faccionados nos estados do Amazonas, Acre, Rio de Janeiro e São Paulo que “chegou ao fim a aliança e o compromisso”.
Em uma das mensagens, supostamente assinada pelo PCC, a facção alega que o “objetivo principal sempre foi poupar vidas, especialmente de dezenas de pessoas inocentes que estavam perdendo suas vidas por pura banalidade”, reafirmando o lema “o crime fortalece o crime” e se mostrando “aberto ao diálogo com todos que são a favor da paz”.
A resposta do Comando Vermelho veio em outra mensagem, na qual a facção declara que “a partir desta data (28), não mantemos mais qualquer aliança ou compromisso com o Primeiro Comando da Capital (PCC)”. O CV enfatiza que “o respeito à vida humana deve estar acima de tudo” e que seus “princípios não mudam com alianças; nossa conduta é baseada em honra e responsabilidade”.
A Secretaria Nacional de Políticas Penais já havia levantado a possibilidade de que a aliança entre as facções ultrapassasse a esfera jurídica. O promotor Lincoln Gakiya, que acompanha o PCC há mais de duas décadas, declarou que já esperava o fim dessa “trégua”.
“O PCC é bem diferente do Comando Vermelho. O PCC tem um comando praticamente único, uma sintonia final única e os estados devem obediência ao que foi determinado por São Paulo. Já no caso do Comando Vermelho, o que a gente observa é que os estados têm uma certa autonomia, então já haveria uma dificuldade de isso ser acatado, principalmente quando tem esses interesses, pelas rotas, pelos pontos de drogas. Eu já imaginava que essa trégua seria passageira”, explicou o promotor.
A trégua, confirmada em fevereiro por informações de inteligência obtidas em celulares de membros das duas facções, tinha como objetivo inicial unir forças nos presídios federais, onde as regras são mais rígidas do que nas unidades estaduais. As negociações para o acordo foram intermediadas por advogados, com encontros com os líderes Marcola (PCC) e Marcinho VP (CV) nos presídios federais de Brasília (DF) e Catanduvas (PR). Após o acerto, um “salve” foi distribuído comunicando a ordem em âmbito nacional. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma trégua de não agressão já existia há alguns anos.
As autoridades que monitoram as atividades do PCC e do CV dentro e fora dos presídios já estavam cientes das negociações da trégua, com confirmações vindas do Ministério Público de São Paulo e de investigadores do Amazonas, Rio de Janeiro, Pará, Brasília e Minas Gerais.
