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Uma investigação conjunta do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Polícia Civil, batizada de Operação Recon, desvendou um plano ousado e meticuloso do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassinar duas figuras-chave no combate ao crime organizado no estado: o promotor de Justiça Lincoln Gakiya e o coordenador de presídios Roberto Medina.
A ordem para os ataques teria partido da cúpula do PCC.
Luxo e Vigilância Perto da Vítima
As investigações revelaram o grau de detalhe do planejamento criminoso:
- Monitoramento Físico: Criminosos do PCC chegaram a alugar uma casa de luxo a menos de um quilômetro da residência do promotor Lincoln Gakiya, em Presidente Prudente (SP). O local era usado para monitorar de perto a rotina de Gakiya e dos policiais responsáveis por sua escolta. Imagens aéreas confirmaram que a casa também funcionava como ponto de distribuição de drogas.
- Rotina Mapeada: O objetivo dos bandidos era atacar o promotor no caminho que ele costuma fazer para chegar ao trabalho. Gakiya integra o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente e investiga as lideranças da facção há mais de duas décadas.
O coordenador de presídios Roberto Medina, responsável por unidades da Região Oeste de SP, também teve sua rotina mapeada, com fotos e vídeos de seu trajeto diário apreendidos com os suspeitos. Em áudios, os criminosos demonstravam preocupação em não serem filmados perto da casa de Medina.
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Foto: Reprodução
Célula Secreta e Detalhes da Operação
Segundo o MP-SP, a Operação Recon revelou a existência de uma “célula do crime organizado estruturada de forma compartimentada e altamente disciplinada”.
- Compartimentação: Cada integrante da célula tinha uma função específica e não conhecia o plano completo. Esse esquema visava dificultar a detecção da trama pelas autoridades.
- Alvos Selecionados: O grupo era encarregado de fazer levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e seus familiares com a “clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados”.
A trama começou a ser desvendada em julho, quando policiais prenderam Vitor Hugo da Silva, o “VH”, por tráfico de drogas. A análise do celular de VH revelou o plano contra Roberto Medina. A partir dele, foram identificados outros suspeitos, incluindo Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, o “Corinthinha”, e Sérgio Garcia da Silva, o “Messi”.
O “Messi” foi preso em setembro e, em seu celular, foram encontradas conversas que indicavam o envolvimento dele nos planos de assassinato tanto de Medina quanto de Gakiya, incluindo prints do trajeto diário do promotor.
Ação Policial e Próximos Passos
A Operação Recon cumpriu 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de Presidente Prudente, Álvares Machado, Martinópolis, Pirapozinho, Presidente Venceslau, Presidente Bernardes e Santo Anastácio.
A Justiça também determinou a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos suspeitos. O MP-SP informou que o objetivo é coletar provas que ajudem a identificar outros participantes e mapear a cadeia de comando completa da facção.
Embora o monitoramento de Medina e Gakiya tenha começado em julho — mesma época em que um ex-delegado-geral foi seguido antes de ser assassinado em Praia Grande —, a Polícia Civil, por enquanto, não vê conexão direta entre os casos.