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O maior partido pró-democracia de Hong Kong deu na quinta-feira o primeiro passo para sua dissolução, na mais recente demonstração do estreitamento do espaço para grupos da sociedade civil no território chinês, após a repressão de Pequim à dissidência.
O comitê central do Partido Democrata decidiu criar um grupo de trabalho para examinar os procedimentos necessários para dissolver o partido. A decisão final exigiria a aprovação dos membros do partido.
O presidente do partido, Lo Kin-hei, afirmou em uma coletiva de imprensa na noite de quinta-feira que os líderes do partido tomaram a decisão com base na situação política atual e no clima social, acrescentando que o partido não enfrentava nenhuma dificuldade financeira grave.
“Quando temos que avançar nessa direção, é claro que sentimos que é uma pena. Acho que todos os membros valorizam a existência do Partido Democrata em Hong Kong”, afirmou.
Fundado em 1994, o Partido Democrata é um dos poucos partidos pró-democracia em Hong Kong, onde o ativismo político tem enfrentado uma dura repressão por parte do governo central da China, após as protestos antigovernamentais dos hongkongueses em 2019.
Entre os membros de destaque do partido estão Martin Lee, apelidado de “Pai da Democracia” da cidade, Albert Ho, ex-líder de um grupo que agora desapareceu e que organizava vigílias de Tiananmen, e a jornalista convertida em ativista Emily Lau.
Ao longo dos anos, o partido foi considerado uma oposição moderada, que em certo momento manteve relações amistosas até com funcionários de Pequim. Alguns de seus antigos membros se tornaram altos funcionários do governo, enquanto membros mais radicais criticaram o partido por ser excessivamente moderado.
No entanto, após as massivas protestos que abalarem o território chinês em 2019, o ambiente político da cidade mudou drasticamente. Meses de descontentamento social levaram Pequim a impor uma lei de segurança nacional, que as autoridades afirmam ser necessária para a estabilidade da cidade.
Desde que a lei entrou em vigor em 2020, dezenas de grupos da sociedade civil foram fechados, entre eles o que era o segundo maior partido pró-democracia da cidade, que organizava a vigília anual para lembrar a repressão de Tiananmen, em Pequim, em 1989. Muitos ativistas de destaque foram processados sob a lei, incluindo membros do Partido Democrata. Outros foram forçados ao exílio ou silenciados.
No ano passado, alguns dos ex-deputados do partido foram condenados e sentenciados por seu envolvimento em uma eleição primária não oficial, o maior caso de segurança nacional da cidade. Esse veredicto gerou críticas de governos estrangeiros, embora Pequim tenha defendido a decisão.
Nos últimos anos, o partido teve uma influência limitada sobre a política da cidade após as autoridades revisarem as regras eleitorais, com mudanças que, segundo elas, garantiram que “patriotas” governassem Hong Kong, efetivamente proibindo candidatos pró-democracia de concorrerem aos assentos nos conselhos distritais.
Apesar das mudanças no clima político, o partido seguiu com suas atividades. Continuou a realizar coletivas de imprensa sobre questões de subsistência e até apresentou opiniões sobre a legislação de segurança nacional proposta ao governo antes da promulgação da lei, em março passado.
(Com informações da AP)
