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A Alemanha autorizou nesta segunda-feira (26) o uso de mísseis da OTAN para ataques em território russo, em um gesto de unidade dos aliados após Moscou bombardear a Ucrânia com o maior ataque de drones até o momento. O chanceler alemão, Friedrich Merz, afirmou que a Alemanha, juntamente com outros importantes apoiadores ocidentais da Ucrânia, retirou as restrições de alcance das armas enviadas a Kiev.
“Não há mais restrições de alcance para as armas entregues à Ucrânia – nem pelos britânicos, nem pelos franceses, nem por nós, nem pelos americanos”, disse Merz. “A Ucrânia agora pode se defender, por exemplo, atacando posições militares na Rússia… Com pouquíssimas exceções, ela não fez isso até recentemente. Agora pode fazer isso.”
O governo alemão anterior havia apoiado fortemente Kiev, mas evitou enviar mísseis Taurus de longo alcance, temendo uma escalada ainda maior com a Rússia.
Kremlin reage e Trump muda o tom sobre Putin
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a nova política alemã contraria as aspirações de um acordo político para a crise.
Porém, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira que Donald Trump finalmente percebeu que Putin não busca a paz. “O presidente Trump percebe que quando o presidente Putin disse ao telefone que estava pronto para a paz, ou disse aos seus emissários que estava pronto para a paz, ele mentiu”, declarou Macron.
Em uma rara reprimenda ao líder russo, Trump escreveu em sua rede social Truth Social no fim do domingo (25) em Washington: “Sempre tive um relacionamento muito bom com Vladimir Putin da Rússia, mas algo aconteceu com ele. Ele enlouqueceu completamente!”. Ele completou: “Sempre disse que ele quer TODA a Ucrânia, não apenas um pedaço dela, e talvez isso esteja se mostrando certo, mas se ele conseguir, levará à queda da Rússia!”.
Macron expressou a esperança de que a raiva de Trump em relação a Moscou se traduza “em ação”, à medida que a Europa endurece sua própria resposta à agressão russa. “Vimos mais uma vez nas últimas horas Donald Trump expressar sua raiva. Uma forma de impaciência. Eu simplesmente espero agora que isso se traduza em ação”, disse o presidente francês. Ele sugeriu que Putin enganou Trump ao se engajar em conversas diplomáticas sobre um acordo de paz, mesmo após se encontrar com seu enviado Steve Witkoff em quatro ocasiões diferentes.
Ataques intensificados e recusa a negociações de paz
Apesar das aberturas para a paz, Putin expandiu os ataques à Ucrânia nos últimos dias. Pelo menos 13 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas na Ucrânia entre sábado e domingo, após a Rússia lançar 367 drones e mísseis para o oeste. Foi o maior ataque aéreo combinado desde a invasão em grande escala em fevereiro de 2022.
Entre domingo e segunda-feira, a Rússia lançou mais 355 drones e nove mísseis de cruzeiro contra a Ucrânia, segundo a força aérea de Kiev. A Ucrânia disse que foi o maior ataque apenas com drones da guerra até agora. A Rússia argumentou que os ataques foram uma resposta aos ataques ucranianos à “infraestrutura social”.
Com os ataques em massa minando as afirmações de Putin de que a Rússia busca a paz, Merz, na Alemanha, prometeu que “faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para continuar apoiando a Ucrânia, inclusive militarmente”, em estreita coordenação com outros apoiadores. Ele já havia expressado anteriormente seu apoio ao envio de mísseis Taurus, que poderiam atingir alvos em profundidade na Rússia.
Seu governo desde então enfatizou que não detalharia mais quais armas está enviando para a Ucrânia, preferindo uma postura de ambiguidade estratégica. Falando em uma longa entrevista à emissora pública WDR, Merz não disse se a Alemanha enviaria mísseis Taurus para Kiev.
Merz também aproveitou a oportunidade para criticar a relutância de Putin em se engajar em negociações de paz. O chefe do Kremlin respondeu aos esforços diplomáticos para encerrar o conflito processando a guerra “com mais força do que antes”, disse Merz à WDR. “Putin obviamente vê as ofertas de conversas como um sinal de fraqueza”, afirmou Merz.
O Kremlin disse na segunda-feira que os países europeus que retirassem as restrições às capacidades de mísseis de longo alcance para a Ucrânia seria um movimento perigoso, informou o correspondente do Kremlin Alexander Yunashev.
Desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, retornou à Casa Branca este ano, ele procurou empurrar os dois lados do conflito para conversas diretas no mais alto nível. Trump sugeriu na semana passada o Vaticano como possível anfitrião para uma reunião, com o governo italiano dizendo que o líder da Igreja Católica estava pronto para organizar as conversas. Mas Moscou lançou dúvidas sobre o potencial da Santa Sé como anfitriã. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que seria “inelegante” para a Igreja Católica mediar discussões entre dois países principalmente cristãos ortodoxos.
Merz disse que os apoiadores ocidentais da Ucrânia buscaram usar todas as opções diplomáticas disponíveis para iniciar as conversas. “Após as últimas três semanas, ninguém pode nos acusar seriamente de não termos esgotado todos os meios diplomáticos disponíveis”, disse Merz. À beira de “levantar a bandeira branca”, os apoiadores da Ucrânia “fizeram tudo” o que puderam. “Se mesmo uma oferta para se encontrar no Vaticano não obtiver a aprovação (de Putin), então devemos estar preparados para que esta guerra dure mais do que todos desejamos ou podemos imaginar.”
*Com informações da imprensa internacional
