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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite de sexta-feira (5) que está considerando a imposição de novas sanções à Rússia, após Moscou lançar um ataque aéreo de grandes proporções contra a Ucrânia — o maior já registrado desde o início da invasão, em 2022, segundo autoridades ucranianas.
O bombardeio ocorreu poucas horas após uma ligação entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, a sexta conversa pública entre os dois desde que o republicano reassumiu a presidência em janeiro deste ano. Em declarações a jornalistas a bordo do Air Force One, Trump disse estar “muito descontente” com o tom da conversa com o líder russo.
“Ele quer ir até o fim, simplesmente continuar matando gente. Não é bom”, declarou Trump, referindo-se a Putin. O presidente norte-americano informou que discutiu com o russo a possibilidade de novas medidas econômicas contra Moscou. “Ele entende o que pode acontecer”, afirmou, indicando que o Kremlin foi alertado sobre possíveis consequências caso mantenha a ofensiva militar.
De acordo com a Força Aérea da Ucrânia, o ataque russo envolveu 550 drones e mísseis, dos quais 478 teriam sido interceptados. A ação durou mais de 11 horas e teve como principal alvo a capital Kiev, onde explosões foram ouvidas em vários pontos. Ao menos cinco distritos da cidade foram atingidos, segundo o chefe da administração militar local, Tymur Tkachenko. Uma pessoa morreu e 26 ficaram feridas.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou o ataque como um “golpe demonstrativamente significativo e cínico”, iniciado quase ao mesmo tempo em que a conversa entre Trump e Putin era divulgada pela imprensa. Em postagem no Telegram, Zelensky reforçou o pedido por mais sistemas de defesa aérea e pela ampliação das sanções internacionais contra Moscou. “Sem uma pressão realmente em larga escala, a Rússia não mudará seu comportamento destrutivo e estúpido”, escreveu.
Putin mantém exigências e descarta solução diplomática
Na mesma sexta-feira, autoridades russas afirmaram que não é possível alcançar os objetivos do país na Ucrânia por meios diplomáticos, o que indica a continuidade dos combates. Segundo o Kremlin, a retirada de tropas russas não está em discussão. Putin teria reiterado a Trump suas exigências: o controle de quatro regiões adicionais além da Crimeia — anexada em 2014 — e o abandono por parte da Ucrânia da intenção de ingressar na Otan. Kiev considera essas condições inaceitáveis.
As negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, retomadas em maio, seguem sem avanços. A última rodada, realizada na Turquia, terminou sem acordo, e ainda não há data marcada para um novo encontro.
Estados Unidos e Alemanha discutem envio de defesa aérea
Trump revelou também que conversou com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, sobre o possível envio de sistemas de defesa aérea Patriot para a Ucrânia. Segundo ele, ainda não há uma decisão final sobre a entrega dos equipamentos. O governo alemão confirmou que está em “intensas conversas” com aliados para viabilizar a transferência.
O reforço da defesa aérea tem sido considerado crucial por Kiev, diante da vulnerabilidade contínua das cidades ucranianas aos bombardeios russos. Paralelamente, o serviço secreto da Holanda informou que a Rússia tem intensificado o uso de armas químicas proibidas, como a cloropicrina, violando a Convenção sobre Armas Químicas. Moscou não comentou as acusações.
Cenário militar e trocas de prisioneiros
Apesar da escalada dos ataques, tropas russas não registraram avanços relevantes no campo de batalha. Estimativas ucranianas apontam que as baixas russas desde o início da guerra já superam um milhão, entre mortos e feridos.
Na contramão da intensificação dos combates, Ucrânia e Rússia realizaram mais uma troca de prisioneiros na sexta-feira, em cumprimento a um acordo firmado em junho com intermediação indireta ocorrida em Istambul.
O ataque em larga escala e a reação de Trump ressaltam o impasse diplomático e militar que persiste no conflito. Enquanto Moscou mantém exigências consideradas inaceitáveis por Kiev, a comunidade internacional debate o endurecimento das sanções e o aumento do apoio militar e humanitário à Ucrânia.
