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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender uma reforma ampla da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (25) e afirmou que o Brasil considera convocar uma conferência internacional para revisar a Carta da ONU, como parte dos esforços de remodelar o organismo multilateral.
Durante uma reunião ministerial do G20 em Nova York, às margens da Assembleia Geral da ONU, Lula reiterou pontos que havia destacado em seu discurso anterior, como a necessidade de uma maior representatividade da África e da América Latina no Conselho de Segurança da ONU.
O presidente ressaltou que o Conselho de Segurança, em sua configuração atual, tem se mostrado incapaz de resolver conflitos e prevenir crises. Ele argumentou que, com mais representatividade, especialmente da África, América Latina e Caribe, haveria maiores chances de superar a polarização que paralisa o órgão. Lula também mencionou a possibilidade de o Brasil propor a convocação de uma Conferência de Revisão da Carta da ONU, com base no artigo 109, defendendo que, embora cada país possa ter uma visão diferente sobre o modelo ideal de reforma da governança global, há um consenso sobre a necessidade urgente de reformá-la.
Além disso, Lula defendeu mudanças no sistema global de comércio, destacando a paralisação da Organização Mundial do Comércio (OMC) devido a interesses geopolíticos e econômicos. Ele também pediu reformas em organismos multilaterais de crédito, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), lembrando que, quando essas instituições foram criadas, suas juntas executivas tinham 12 assentos para um universo de 44 países. Hoje, com mais de 190 países, as juntas têm apenas 25 cadeiras, e, segundo Lula, a proporção original sugeriria que esses órgãos deveriam ter pelo menos 52 assentos atualmente.
O presidente criticou o impulso ao protecionismo que, segundo ele, prejudica desproporcionalmente os países em desenvolvimento, e afirmou que reformas efetivas são essenciais para garantir um comércio mais equitativo. Ele também destacou a defesa do Brasil, enquanto presidente do G20, por regras globais para a taxação dos super-ricos, apontando essa medida como uma forma de combater as desigualdades e direcionar recursos para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Lula afirmou que a taxação dos super-ricos é fundamental para reduzir a desigualdade e financiar prioridades de desenvolvimento e ação climática. Ele destacou ainda que a ONU, junto com seu secretário-geral, deve retomar um papel central no debate sobre questões econômicas e financeiras globais.
Por fim, o presidente pediu que os países do Sul Global sejam plenamente representados nos principais fóruns de decisão internacional, afirmando que a comunidade global corre o risco de continuar “correndo em círculos” se não houver mudanças. Para romper esse ciclo, Lula disse que é necessária coragem para mudar e compromisso para superar as diferenças. Ele concluiu que, se os países ricos querem o apoio do mundo em desenvolvimento para enfrentar as crises atuais, o Sul Global precisa estar representado nas principais instâncias decisórias.