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A obesidade, uma doença multifatorial que causa cerca de 2,8 milhões de mortes por ano, tem apresentado um aumento constante nos últimos anos. Um novo estudo sobre a carga global de doenças, conhecido como GBD (Global Burden of Disease) e publicado na revista The Lancet, estima que cerca de 60% dos adultos (3,8 bilhões) e um terço das crianças e adolescentes (746 milhões) terão sobrepeso ou obesidade nos próximos 25 anos. O estudo urge os países a adotarem medidas e reformas políticas “de forma urgente”.
“A epidemia mundial sem precedentes de sobrepeso e obesidade representa um fracasso social monumental”, afirmou a professora Emmanuela Gakidou, do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington, e autora principal do estudo, que analisou 204 países, sendo a radiografia global mais abrangente realizada até o momento.
A professora sugere que governos e serviços de saúde pública utilizem os dados do estudo para identificar as populações com maiores problemas de obesidade, para intervir e aplicar tratamentos o mais rápido possível, além de considerarem fundamental a implementação de estratégias de prevenção direcionadas a pessoas com sobrepeso.
O estudo, que se baseia apenas em dados do índice de massa corporal (IMC), também indica que nas últimas três décadas as taxas de sobrepeso e obesidade mais que dobraram tanto em adultos, afetando 2 bilhões de pessoas, quanto em menores, com quase 500 milhões de jovens em todo o mundo em 2021, embora o aumento de peso varie notavelmente dependendo do país.
O documento revela que, em 2021, mais da metade dos adultos com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo se concentrava em apenas oito nações: China (402 milhões), Índia (180 milhões), Estados Unidos (172 milhões), Brasil (88 milhões), Rússia (71 milhões), México (58 milhões), Indonésia (52 milhões) e Egito (41 milhões).
Prevê-se que, até 2050, um em cada três jovens com obesidade (130 milhões) viverá em apenas duas regiões: norte da África e Oriente Médio e América Latina e Caribe, o que acarretará “consequências sanitárias, econômicas e sociais”. O estudo também aponta que, globalmente, o aumento previsto da obesidade infantil e adolescente pode superar o aumento do sobrepeso, com aumentos substanciais esperados até 2030.
Estima-se, ainda, que em 2050 quase um quarto da população adulta mundial com obesidade terá 65 anos ou mais, o que “exacerbará a pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados e causará estragos nos serviços de saúde em países de baixa renda”.
Prevenção de uma onda de graves problemas de saúde
O estudo indica que o sobrepeso durante a infância e adolescência se estabilizará nos próximos anos, à medida que um número maior de pessoas em todas as regiões do mundo passe a ter obesidade. Globalmente, prevê-se que em 2050 haverá mais homens de 5 a 14 anos com obesidade do que com sobrepeso (16,5% contra 12,9%), enquanto em mulheres (5 a 24 anos) e homens mais velhos (15 a 24 anos), espera-se que o sobrepeso continue sendo mais prevalente que a obesidade.
Apesar dessas estimativas, a Dra. Jessica Kerr, do Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália e coautora do estudo, garante que ainda há esperança para prevenir a obesidade em crianças e adolescentes, mas insiste que governos e administrações devem “agir imediatamente”. “É fundamental implementar intervenção e tratamento urgentes para evitar a transmissão intergeracional da obesidade e prevenir uma onda de graves problemas de saúde e custos financeiros e sociais nefastos para as futuras gerações”, conclui.
