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A partir desta segunda-feira (23), medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro só poderão ser vendidos mediante a apresentação de receita médica em duas vias, sendo que uma delas ficará retida na farmácia. A nova exigência, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), busca reforçar o controle sobre o uso dos chamados “remédios emagrecedores”, cuja popularidade disparou nos últimos anos, muitas vezes sem indicação médica adequada.
Além da retenção da receita, as farmácias deverão registrar as vendas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) — o mesmo utilizado para antibióticos.
Segundo a Anvisa, o aumento de relatos de efeitos colaterais graves, especialmente entre pacientes que utilizaram as canetas sem recomendação médica, motivou a medida. “São medicamentos relativamente novos e que ainda exigem acompanhamento cuidadoso. Usar sem indicação ou sem supervisão médica pode trazer riscos sérios à saúde”, afirmou Rômison Rodrigues Mota, diretor-presidente substituto da agência.
Entre os efeitos adversos mais preocupantes está a pancreatite, uma inflamação no pâncreas que, embora rara, pode ser grave. No Brasil, essa reação apareceu em 5,9% das notificações, mais que o dobro da média mundial (2,4%).
Os medicamentos em questão pertencem à classe dos agonistas de GLP-1 e foram aprovados para o tratamento de diabetes tipo 2 (caso de Ozempic, Mounjaro e Trulicity) e obesidade (Wegovy e Saxenda). O uso com finalidade exclusivamente estética, no entanto, não é autorizado.
De 2019 a setembro de 2024, a Anvisa registrou 524 notificações de suspeitas de reações adversas relacionadas à semaglutida, princípio ativo presente no Ozempic e Wegovy. Em mais de 30% dos casos, o uso foi considerado fora da bula, e em quase 25%, feito para finalidades não autorizadas.
Pesquisa do Datafolha feita em fevereiro de 2025 com 812 entrevistados apontou que 45% dos usuários de medicamentos como Ozempic já compraram o remédio sem receita. Desse grupo, 73% usaram o produto sem nenhuma orientação médica. A pesquisa também revelou que 56% dos usuários usam esses fármacos para emagrecer, sendo que 37% possuem IMC considerado normal.
A Anvisa alerta para o risco da automedicação e para a influência das redes sociais, que têm popularizado o uso das canetas para perda de peso. A agência reforça que depoimentos pessoais não substituem acompanhamento profissional. A expectativa é que as novas regras ajudem a reduzir o uso indevido e aumentem a segurança dos pacientes.
