Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram] WhatsApp: [link do WhatsApp]
Enquanto as estatísticas de outros tipos de câncer mostram uma redução, os casos de câncer de útero têm apresentado um aumento preocupante na última década nos Estados Unidos. A tendência, que atinge tanto a incidência quanto a mortalidade, levanta um alerta para a saúde feminina.
Um exemplo dessa realidade é o caso de Avery Spickler, uma professora de 24 anos de Illinois. Há um ano, ela procurou seu médico devido a um sangramento anormal, que inicialmente não gerou grande preocupação. “Cerca de uma semana depois, senti que algo estava errado e procurei outro médico, que me encaminhou para um ultrassom”, relatou Spickler em sua conta no TikTok. O exame revelou um pólipo, e a jovem foi diagnosticada com câncer de útero em estágio 1, um choque inesperado.
O Dr. Jason D. Wright, chefe da Divisão de Oncologia Ginecológica da Universidade Columbia e autor principal de um novo estudo sobre o câncer de útero, confirma a tendência: “No geral, o câncer de útero é um dos poucos cânceres onde tanto a incidência quanto a mortalidade têm aumentado”. Ele ressalta a importância de “compreender as tendências futuras ajudará a informar o desenvolvimento de estratégias robustas para reduzir o fardo e melhorar os resultados”.
Números Crescentes e Desafios para Mulheres Negras
O útero é o órgão reprodutor feminino onde o bebê se desenvolve. O câncer endometrial, que surge no revestimento do útero, é o tipo mais comum da doença. De acordo com a American Cancer Society, a expectativa para este ano é de aproximadamente 69.000 novos casos de câncer de útero e cerca de 14.000 mortes.
O estudo recente, publicado esta semana na Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention (revista da American Association for Cancer Research), aponta que os casos aumentaram, em média, 0,7% ao ano de 2013 a 2022, e as taxas de mortalidade ajustadas por idade subiram 1,6% anualmente no mesmo período.
A equipe de Wright projetou um salto de 57,7 casos por 100.000 em 2018 para 74,2 casos em 2050 para mulheres brancas. As mortes nesse grupo são estimadas para aumentar de 6,1 para 11,2 por 100.000. Para mulheres negras, a previsão é de um aumento de 56,8 casos para 86,9 casos por 100.000, e as mortes devem subir de 14,1 para 27,9 por 100.000.
Wright explica que “provavelmente há vários fatores associados ao aumento do fardo do câncer de útero em mulheres negras”. Entre eles, destacam-se a maior incidência de “tipos agressivos de câncer de útero”, “diagnósticos atrasados resultando em doença em estágio mais avançado” e, muitas vezes, “atrasos em seu tratamento”.
Fatores de Risco, Prevenção e Tratamento
A idade média para o diagnóstico de câncer de útero é em torno de 60 anos, sendo a maioria dos casos em mulheres pós-menopáusicas. Os fatores de risco incluem histórico familiar da doença, desequilíbrios hormonais e obesidade. Um estudo de 2022 identificou uma possível ligação entre o uso de produtos químicos para alisamento de cabelo e um risco aumentado de câncer de útero, devido à presença de disruptores endócrinos que podem interferir nos níveis hormonais.
Como boas notícias, a ascensão de medicamentos GLP-1, como Ozempic e Zepbound, pode contribuir para a redução das taxas de obesidade, um fator de risco. Ao mesmo tempo, sabe-se que uma histerectomia (remoção do útero e do colo do útero) reduz o risco de câncer de útero, embora as taxas do procedimento devam cair cerca de 26% de 2020 a 2035.
Atualmente, não existe um teste de triagem padrão para câncer de útero em mulheres sem sintomas, que geralmente incluem sangramento vaginal ou corrimento anormal, ou dor durante a micção ou relação sexual. Os testes diagnósticos podem incluir exame pélvico, ultrassom e biópsia endometrial. Wright sugere que a triagem é mais eficaz a partir dos 55 anos.
A histerectomia é o tratamento principal, mas outras opções incluem radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal. Avery Spickler, em seu relato no TikTok, revelou ter feito terapia hormonal este ano, mas seu câncer persiste. “Mereço uma recompensa por passar por tudo isso”, brincou a professora esta semana, com uma dose de bom humor diante da adversidade.
