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O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou nesta terça-feira (30) Érika Souza por vilipêndio de cadáver e tentativa de furto mediante fraude. A mulher é acusada de levar o tio, Paulo Roberto Braga, já morto, a um banco em Bangu, na Zona Oeste do Rio, para tentar sacar um empréstimo em seu nome.
Na denúncia, a promotora de Justiça Débora Martins Moreira destaca que Érika “demonstrou desprezo e desrespeito” pelo idoso ao levá-lo ao banco morto para realizar o saque do dinheiro. “A denunciada, consciente e voluntariamente, vilipendiou o cadáver de Paulo Roberto Braga, seu tio e de quem era cuidadora, ao levá-lo à referida agência bancária e lá ter permanecido, mesmo após a sua morte, para fins de realizar o saque da ordem de pagamento supramencionada, demonstrando, assim, total desprezo e desrespeito para com o mesmo”, diz um trecho do documento.
Além da denúncia por vilipêndio de cadáver, Érika também está sendo investigada por homicídio culposo, por “grave omissão de socorro”. A mulher está presa preventivamente em Bangu desde o dia 17 de abril, quando o caso foi descoberto.
Segundo a investigação, Érika teria levado o tio ao hospital no dia 16 de abril, mas, ao ser informada de que ele precisaria ficar internado, o levou para casa. No dia seguinte, ela o levou ao banco para tentar sacar o empréstimo. Imagens de câmeras de segurança do banco mostram Érika tentando manter a cabeça do tio erguida e conversando com ele, mesmo sabendo que ele estava morto.
O delegado Fabio Luiz Souza, da 34ª DP (Bangu), que investiga o caso, afirma que Érika “sabia da morte de Paulo, mas, como era a última chance de retirar o dinheiro do empréstimo, entrou com o cadáver no banco, simulou por vários minutos que ele estava vivo, chegando a fingir dar água, pegou a caneta e segurou com sua mão junto a mão do cadáver de Paulo, contudo, como os funcionários do banco não dispersaram a atenção, não pôde fazer a assinatura”.
A investigação por homicídio culposo aponta que Érika teria omitido socorro ao tio, que estava em situação de saúde grave. “Considerando que no dia 16/4/2024, certamente percebendo que Paulo estava em situação gritante de perigo de vida, o que pode ser vislumbrado pelas declarações de todas as testemunhas que tiveram contato com a vítima, ao invés de ir novamente ao hospital ela se dirigiu ao shopping, configurando uma gritante omissão de socorro, determino; proceda-se a novo registro de ocorrência para apurar o delito de homicídio culposo”, escreveu o delegado em seu despacho.
O delegado também citou novas provas para incluir o crime de homicídio. Segundo ele, dois depoimentos revelam que Érika tentou colocar uma conta própria para receber o dinheiro do tio e que chegou a ir até a agência sem ele para sacar – mesmo sabendo que ele precisaria assinar. Só depois de tentar ir sozinha, em vão, Érika decidiu levar o tio à agência.
Na conclusão do relatório do inquérito, o delegado diz que, pelas imagens fica “claro” que Paulo “já era cadáver quando Érika o levou à agência e, principalmente, que ela sabia de tal fato, pois ele está com a cabeça caída e sem qualquer movimento, porém, logo antes de entrar ela o segura pelo pescoço para que fique com a cabeça erguida, simulando uma pessoa viva”.