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Em entrevista à Folha de S. Paulo, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil durante o 1º Governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comentou sobre o papel do empresário Pablo Marçal nas eleições para a Prefeitura de São Paulo.
José Dirceu afirmou que Pablo Marçal representa “um problema muito maior para a direita do que para a esquerda”.
“Ele [Pablo Marçal] é jovem. Ele veio da pobreza. Ele conhece quem vive na periferia. O Bolsonaro não tem nada disso”, disse Dirceu.
O ex-ministro petista também discutiu o surgimento de uma “nova direita”, que, segundo ele, se baseia no “fundamentalismo neopentecostal”.
“Vamos lembrar que a extrema direita sempre teve expressão no país. O crescimento do capitalismo brasileiro criou uma classe trabalhadora progressista, que votou no PTB de 1946 a 1964, no MDB progressista e nacionalista de 1974 a 1989 e no PT daquele ano em diante. Mas uma parte dela também vota nos populistas de direita. Jânio Quadros, Fernando Collor e Jair Bolsonaro não venceram apenas com os votos da classe média e das elites do país. Eles tinham apoio popular”, afirmou Dirceu na entrevista.
“Sim. Essa direita que estamos vendo agora tem um elemento religioso, do fundamentalismo neopentecostal. E tem o elemento do liberalismo econômico, incorporado por setores das classes populares, que é anti-Estado, anti-imposto, e que o [Pablo] Marçal representa bem. Ele divide o bolsonarismo”, disse o condenado ao ser questionado se “há uma nova direita que surgiu”.
“Eu estou assistindo de camarote [rindo]. Porque o Marçal é um problema muito maior para a extrema direita do que para nós. Eles vão ficar divididos em 2026 porque a agenda dele não une a direita. O Marçal vai correr por dentro. E o Bolsonaro tem uma liderança e um carisma muito forte também. Mas, comparado ao Marçal, o Bolsonaro vira um bobo da corte”.
“Ele é jovem. Ele veio da pobreza. Ele conhece quem vive na periferia. O Bolsonaro não tem nada disso. O Bolsonaro era um sindicalista militar que defendia a agenda da ditadura. E que capturou uma agenda religiosa e da direita liberal, importando uma linguagem do conservadorismo de extrema direita, repetindo um pouco o trumpismo. Já o Marçal é uma criação genuína do momento que estamos vivendo. Ele vai ser candidato à Presidência da República. Mas vai ser uma liderança política sem partido? Ou vai ser adotado por alguma legenda? Neste sentido, ainda é uma incógnita”, completou o petista.