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O italiano Vincenzo Pasquino, integrante da ‘Ndrangheta, máfia calabresa, forneceu às autoridades italianas detalhes sobre as relações de sua organização criminosa com facções brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de uma lista de supostos codinomes utilizados pelos criminosos. Essas informações foram repassadas pela Justiça italiana aos investigadores brasileiros.
Fontes que acompanham de perto as investigações informaram ao jornal GLOBO que Pasquino apresentou ao menos três codinomes supostamente usados em comunicações com membros das facções criminosas brasileiras. Segundo os investigadores, a lista de codinomes é crucial, pois, na Europa, foi possível descriptografar conversas em um aplicativo especial apreendido com o mafioso, embora os nomes sejam codinomes. A lista permitirá identificar a quem as conversas se referem.
Pasquino foi extraditado do Brasil em fevereiro deste ano e decidiu colaborar com a Justiça italiana. Desde maio, ele tem detalhado as conexões da ‘Ndrangheta com facções criminosas brasileiras em depoimentos no Tribunal de Locri, na Calábria. Durante a audiência, Pasquino teria descrito suas visitas a várias capitais brasileiras, supostas reuniões com líderes do PCC e do CV, e o interesse dos italianos no transporte de cocaína a partir de portos brasileiros.
A notícia de que Pasquino tornou-se delator e está detalhando as relações da ‘Ndrangheta com facções criminosas brasileiras foi divulgada na semana passada pelo jornal O Estado de S. Paulo. O acordo de colaboração foi comunicado ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, pelo procurador italiano Giovanni Melillo, chefe da Direção Nacional Antimáfia e Antiterrorismo da Itália. Na PGR, o caso tramita sob sigilo para proteger a vida e a integridade do cidadão italiano.
Preso em maio de 2021 em João Pessoa, na Paraíba, ao lado de Rocco Morabito, o “rei da cocaína”, Vincenzo Pasquino era considerado um dos 30 foragidos mais procurados pela polícia italiana. Ele foi deportado em fevereiro deste ano após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar a notificação do Ministério da Justiça sobre a decisão da Corte que autorizou a extradição do italiano. O Supremo autorizou a entrega do detento à Itália em dezembro de 2022, mas o procedimento foi suspenso à espera da análise de um pedido de refúgio de Pasquino. Com a recusa do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Moraes prosseguiu com a extradição.