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O cerrado registrou um recorde de desmatamento nessa última temporada: 7.015 km² de alertas de desmatamento, um aumento de 9%. Os números oficiais do governo federal foram divulgados na quarta-feira (07) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O relatório anual do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) revela que, apesar dos sinais de redução na devastação nos últimos meses, o desmatamento no Cerrado continua sendo uma grande preocupação.
A edição anterior do relatório indicou um desmatamento de 6.341 km² entre agosto de 2022 e julho de 2023. A série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Cerrado iniciou-se em 2017.
Especialistas apontam que o aumento do desmatamento no segundo maior bioma da América do Sul resulta de múltiplos fatores.
Notavelmente, áreas com Cadastro Ambiental Rural (CAR) são responsáveis por uma parcela significativa dos alertas, indicando que mesmo proprietários registrados estão envolvidos na devastação.
Além disso, a falta de reconhecimento das terras de povos tradicionais, com apenas 8% do bioma protegido, contribui para a intensificação do problema.
Bianca Nakamato, especialista em Conservação do WWF-Brasil, destaca que o Cerrado é atualmente a principal fronteira agrícola para a produção de commodities, com a expansão do cultivo de soja frequentemente acompanhada de desmatamento, especialmente na região do Matopiba, que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Nakamato adverte que esse avanço acarreta várias ameaças, como violações de direitos humanos e perda de biodiversidade.
A chegada da época seca aumenta significativamente o risco de incêndios, com mais da metade das queimadas ocorrendo na fronteira agrícola em julho, particularmente no Maranhão e em Tocantins.
Além disso, meses após a retomada, o governo federal ainda não concluiu seu plano de ação específico para o Cerrado, ao contrário do que foi feito com a Amazônia.
Em 2023, o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, enquanto a Amazônia representou 25%.
O desmatamento no Cerrado alcançou 1.110.326 hectares em 2023, um aumento de 68% em relação a 2022, conforme o Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2023) do MapBiomas.
Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, observa que, apesar dos esforços eficazes no combate ao crime, o governo falhou em controlar o desmatamento no Cerrado.
Ele atribui essa falha, em parte, às autorizações de desmatamento concedidas pelos governadores da região, que, segundo ele, atuam contra a preservação ambiental e contribuem para o aumento das taxas de desmatamento.