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A Polícia Civil do Rio de Janeiro desarticulou nesta terça-feira (3) uma sofisticada rede de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho (CV), liderada pelo traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como “Professor”. O esquema, que começava em eventos culturais no Rio e culminava na compra de armas e drogas em Ponta Porã (MS), envolveu produtores de festas, influenciadores e até mesmo um homem com histórico de ligação com a Al-Qaeda.
Um dos focos da investigação é o Baile da Escolinha, festa que atrai milhares de pessoas para a Fazendinha, no Complexo do Alemão. Segundo a Polícia Civil, a produtora responsável pelo evento lavava dinheiro para a facção, movimentando R$ 50 milhões em apenas um ano.
“Ele [Professor] promovia, nessa questão de eventos culturais no interior da comunidade, o Baile da Escolinha, por meio dessa produtora que foi alvo da operação de hoje. Por trás das manifestações culturais que alguns insistem em dizer, há tráfico de armas, de drogas, mortes de pessoas, uma série de crimes violentos”, declarou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Nesta terça, a Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão contra indivíduos apontados como “lavadores de dinheiro” do Comando Vermelho. Entre os alvos está Vivi Noronha, mulher do MC Poze do Rodo. O delegado Jefferson Ferreira explicou que Viviane recebeu valores de Matheus Mendes, apontado como operador financeiro e “laranja” de Professor, com depósitos tanto em sua conta pessoal quanto na conta da empresa “Noronha Influenciadora”.
A investigação também revelou um elo surpreendente: o egípcio Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, um homem que já foi procurado pelo FBI por suposta ligação com a Al-Qaeda, é um dos investigados no inquérito que levou à operação desta terça-feira. Apesar de não ter sido alvo direto desta etapa da operação, Mohamed é citado como figura central no sistema financeiro informal do Comando Vermelho.
“O que chamou mais atenção é a forma que essa produtora recebe e envia esses recursos. A maioria desses recursos recebidos é oriunda do Gustavo Miranda, ligado à operação financeira do Professor. Temos nas investigações o filho do chefe de um determinado território recebendo dinheiro e o envio de dinheiro para esse Mohamed, ligado à Al-Qaeda”, afirmou o delegado Jefferson Ferreira.
“Histórico Relevante” e Ligação com a Narcocultura
Segundo as investigações, Mohamed é um indivíduo “com relevante histórico no sistema financeiro informal vinculado ao Comando Vermelho” e foi procurado pelo FBI “por suspeita de atuar como agente facilitador de operações financeiras em nome da Al-Qaeda”.
“Ficou comprovado que o sofisticado esquema de lavagem de dinheiro da facção envolve empresas de eventos, cantores que fazem bailes em comunidades e até a esposa de um desses MCs [Vivi]. Chamou atenção no curso da apuração que uma das empresas de eventos investigadas tem relação direta com Mohamed, o que demonstra o estreito vínculo entre a facção, influenciadores e pessoas que fazem eventos e instigam a narcocultura em comunidades exploradas pela facção”, complementou o secretário Felipe Curi.
O nome de Mohamed foi retirado da lista de foragidos do FBI em 2019, após ser interrogado por agentes americanos em São Paulo. Na ocasião, ele afirmou em entrevista à revista Época que não era terrorista. “Tomei um susto quando vi meu nome divulgado como terrorista pelo governo americano. Nunca atentei contra a integridade física ou coletiva da nação americana ou de qualquer outro país. Isso tudo está acontecendo porque, no Egito, eu era membro de um partido político que foi criminalizado”, disse ele. A Al-Qaeda é uma organização terrorista islamista fundada por Osama bin Laden no fim dos anos 1980, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
