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Dois agentes de inteligência israelenses recentemente aposentados compartilharam detalhes sobre uma operação clandestina que levou anos para ser executada e teve como alvo milicianos do Hezbollah no Líbano e na Síria. A operação utilizou bípers e walkie-talkies carregados com explosivos, que foram detonados há cerca de três meses.
O Hezbollah começou a atacar Israel quase imediatamente após o ataque de 7 de outubro de 2023, realizado pelo Hamas, que desencadeou a guerra entre os dois grupos.
Os agentes, que concederam entrevista ao programa “60 Minutes”, da CBS, apareceram mascarados e com vozes distorcidas para proteger suas identidades. Um deles, identificado como “Michael”, revelou que a operação começou há 10 anos, utilizando walkie-talkies carregados com explosivos ocultos, vendidos ao Hezbollah sem que o grupo percebesse que estavam sendo adquiridos de Israel, seu inimigo. Os dispositivos foram detonados em setembro, um dia após os bípers armados terem sido ativados.
“Criamos um mundo fictício”, afirmou Michael.
A segunda fase do plano começou em 2022, quando a inteligência israelense, o Mossad, descobriu que o Hezbollah estava comprando bípers de uma empresa sediada em Taiwan. Segundo o outro agente, identificado como “Gabriel”, os dispositivos foram modificados para acomodar os explosivos, testados repetidamente em manequins para ajustar a carga de explosivos de forma a atingir apenas os combatentes do Hezbollah.
Os agentes usaram empresas fictícias, incluindo uma com sede na Hungria, para enganar a fornecedora taiwanesa e convencer o Hezbollah a adotar os bípers mais pesados. Vídeos falsos no YouTube promoviam os dispositivos como resistentes à poeira e à água, com longa duração de bateria.
Gabriel comparou o engano ao filme “O Show de Truman”, dizendo que tudo era controlado pelo Mossad. “Eles não faziam ideia de que estavam comprando de Israel”, afirmou.
Em setembro, cerca de 5.000 bípers foram distribuídos aos milicianos do Hezbollah. No dia 17 daquele mês, Israel detonou os dispositivos em todo o Líbano, matando cerca de 30 pessoas. No dia seguinte, os walkie-talkies também foram ativados, explodindo em eventos como funerais das vítimas.
Gabriel explicou que o objetivo principal era enviar uma mensagem. “Se está morto, está morto. Mas, se está ferido, precisam cuidar dele, gastar dinheiro e recursos. E essas pessoas mutiladas são uma prova viva: ‘Não mexa conosco’.”
Após o ataque, a força aérea israelense intensificou bombardeios no Líbano, resultando na morte de milhares de pessoas, incluindo o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, atingido em seu bunker.
A guerra entre Israel e Hezbollah terminou com um cessar-fogo em novembro. O conflito, iniciado após o ataque do Hamas em outubro de 2023, resultou na morte de mais de 45 mil palestinos na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais.
Michael comentou que, no dia seguinte às explosões, os libaneses tinham medo até de ligar seus aparelhos de ar-condicionado, receando novas explosões. Questionado sobre a intenção desse pânico, ele respondeu: “Queremos que eles se sintam vulneráveis, porque são. Já estamos trabalhando em algo novo, e eles terão que adivinhar o que será.”
(Com informações da AP)