Um tribunal turco ordenou neste sábado (22) que a jornalista Sedef Kabas seja presa enquanto aguarda julgamento sob a acusação de insultar o presidente Tayyip Erdogan. A informação é da Bloomberg.
A jornalista foi presa em Istambul. Seu advogado Ugur Poyraz disse que vai recorrer da decisão “ilegal” na segunda-feira.
“Esperamos que a Turquia possa retornar ao estado de direito em breve”, acrescentou Poyraz.
Insultar o presidente é crime e o infrator pode pegar até quatro anos e oito meses de prisão na Turquia.
“A honra do gabinete da presidência é a honra do nosso país… Eu condeno os insultos vulgares feitos contra nosso presidente e seu gabinete”, escreveu no Twitter Fahrettin Altun, chefe da Diretoria de Comunicações da Turquia.
Mais cedo na sexta-feira, Kabas participou de um programa na emissora local Tele 1, onde criticou o governo por reprimir seus críticos e por alimentar a polarização na sociedade.
“Quando um boi aparece em um palácio, ele não se torna um rei. Mas o palácio se torna um celeiro”, escreveu Kabas mais tarde no Twitter, citando um “provérbio circassiano” e sem citar qualquer pessoa ou lugar.
Os membros do gabinete e o porta-voz de Erdogan, Fahrettin Altun, repreenderam Kabas por ser “imoral” e “irresponsável”, informou a Anadolu.
O órgão de vigilância da mídia da Turquia, RTUK, iniciou separadamente uma investigação sobre a Tele 1 por “declarações inaceitáveis visando nosso presidente”, twittou seu presidente, Ebubekir Sahin, na noite de sexta-feira.
Kabas foi presa em 2014 por um post na mídia social criticando os promotores por interromper uma investigação de corrupção que implicava Erdogan.
Mais de 35.000 processos judiciais foram iniciados entre 2014 e 2020 por alegações de insulto ao presidente, tuitou o principal parlamentar da oposição Muharrem Erkek no sábado, citando dados do governo.