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EUA fora da OMS? Saiba o que acontece se isso se concretizar

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Donald Trump utilizou uma das diversas ordens executivas emitidas em seu primeiro dia como presidente dos Estados Unidos para iniciar o processo de retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela segunda vez em menos de cinco anos. Essa medida preocupa muitos cientistas, que temem um retrocesso nos avanços alcançados ao longo de décadas no combate a doenças como AIDS, malária e tuberculose.

Especialistas também alertam que a saída da organização pode enfraquecer as defesas globais contra novos surtos capazes de gerar pandemias.

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O que aconteceu?

Durante sua primeira aparição no Salão Oval em seu segundo mandato, Trump assinou uma ordem executiva detalhando os passos para iniciar o processo de retirada.

“Uau!”, exclamou Trump ao receber o documento para assinar. “Essa é grande!”.

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A ordem prevê a suspensão da transferência futura de fundos do governo dos EUA para a OMS, a retirada e realocação de funcionários e contratados federais que trabalham com a organização, além de solicitar que autoridades “identifiquem parceiros americanos e internacionais confiáveis e transparentes para assumir as atividades anteriormente realizadas pela OMS”.

Essa não é a primeira vez que Trump tenta romper laços com a OMS. Em julho de 2020, meses após a declaração de pandemia de COVID-19 pela organização e enquanto os casos aumentavam globalmente, sua administração notificou oficialmente o secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a intenção dos EUA de deixar a OMS, suspendendo o financiamento à agência.

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O presidente Joe Biden reverteu essa decisão em seu primeiro dia no cargo, em janeiro de 2021. No entanto, Trump ressuscitou a medida em seu retorno à Casa Branca.

O que é a OMS e qual a importância disso?

A Organização Mundial da Saúde é uma agência especializada da ONU responsável por coordenar a resposta global a ameaças à saúde, como surtos de mpox, ebola e poliomielite. Ela também oferece assistência técnica a países mais pobres, distribui vacinas, suprimentos e tratamentos escassos, além de estabelecer diretrizes para condições de saúde como saúde mental e câncer.

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“Uma retirada dos EUA da OMS tornaria o mundo muito menos saudável e seguro”, afirmou Lawrence Gostin, diretor do Centro Colaborador da OMS sobre Direito Sanitário Global na Universidade de Georgetown. Em um e-mail, ele destacou que a perda de recursos americanos prejudicaria gravemente os esforços de vigilância global e resposta a epidemias.

A ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, disse que essa decisão não é do interesse dos EUA, especialmente considerando o risco de uma possível pandemia de gripe aviária. Ela descreveu Trump como um “desestabilizador” e alertou que a perda de financiamento americano causaria “um impacto bastante significativo” na OMS.

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Trump pode realmente retirar os EUA da OMS?

Sim, desde que obtenha a aprovação do Congresso e cumpra as obrigações financeiras com a OMS no ano fiscal vigente. Os EUA aderiram à organização em 1948 por meio de uma resolução conjunta do Congresso, que exige um aviso prévio de um ano em caso de retirada.

O que isso significa para a OMS?

É uma situação extremamente ruim. Os EUA historicamente são um dos maiores doadores da OMS, contribuindo não apenas com centenas de milhões de dólares, mas também com especialistas em saúde pública.

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Na última década, os EUA investiram entre 160 milhões e 815 milhões de dólares anualmente na OMS. O orçamento anual da organização gira em torno de 2 a 3 bilhões de dólares. Perder o financiamento americano pode paralisar diversas iniciativas globais de saúde, como a erradicação da poliomielite, programas de saúde materna e infantil e pesquisas sobre novas ameaças virais.

Agências americanas, como o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), também seriam afetadas. A saída da OMS exclui os EUA de iniciativas coordenadas, como a definição da composição anual de vacinas contra a gripe e o acesso a bases de dados genéticas gerenciadas pela organização, o que pode prejudicar o desenvolvimento de imunizações e medicamentos.

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Por que Trump quer retirar os EUA da OMS?

Em um comício de campanha em setembro, Trump criticou a “corrupção” na OMS e em outras instituições de saúde pública, alegando que eram “dominadas” por interesses corporativos e pela China.

Sua ordem executiva alega que os EUA estão se retirando da OMS devido ao “mau gerenciamento da pandemia de COVID-19, que surgiu em Wuhan, China, e outras crises globais de saúde”. O documento também cita a “incapacidade da agência de adotar reformas urgentemente necessárias” e sua “falta de independência em relação à influência política inadequada dos estados membros da OMS”.

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Durante a pandemia, a OMS cometeu erros significativos, como desaconselhar o uso de máscaras e afirmar que o COVID-19 não era transmitido pelo ar. A organização só reconheceu oficialmente no ano passado que o vírus se espalha eficazmente pelo ar.

A OMS também enfrentou o maior escândalo de abuso sexual de sua história durante os esforços de combate ao COVID-19, quando dezenas de mulheres congolesas relataram assédio e abuso sexual por trabalhadores humanitários.

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O que a OMS disse?

Em um comunicado na terça-feira, a OMS lamentou o anúncio de Trump:
“Esperamos que os EUA reconsiderem e estamos abertos ao diálogo para manter a parceria”, disse a organização.

“Por mais de sete décadas, a OMS e os EUA salvaram inúmeras vidas e protegeram pessoas de ameaças à saúde. Juntos, erradicamos a varíola e estamos perto de eliminar a poliomielite”, acrescentou.

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O porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, afirmou que os EUA contribuíram com 18% do orçamento da organização em 2023, tornando-se o maior doador. Contudo, ele não comentou o impacto exato da retirada dos EUA.

(Com informações da AP)

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