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Após mais de um mês internado devido a uma pneumonia bilateral, o papa Francisco apareceu em público pela primeira vez antes de receber alta do hospital Gemelli, em Roma.
O pontífice foi visto em uma cadeira de rodas, acenando e levantando o polegar para a multidão reunida na entrada principal do hospital, onde centenas de fiéis se reuniram em uma manhã ensolarada de domingo.
Ao som de cânticos como “Viva o papa!” e “Papa Francesco”, Francisco agradeceu com uma voz fraca: “Obrigado a todos!”. Em seguida, brincou ao notar uma mulher segurando flores amarelas: “Vejo aquela mulher com flores amarelas, muito bem”, disse ele, arrancando risos da multidão.
O papa, que passou mais de cinco semanas hospitalizado, permaneceu na sacada por cerca de dois minutos antes de receber alta. Logo depois, deixou o hospital de carro, sendo visto usando uma cânula nasal para oxigênio.
Longa recuperação pela frente
Francisco aparentava estar mais magro e cansado. Segundo os médicos, sua saúde melhorou o suficiente para permitir o retorno ao Vaticano, mas ele ainda enfrentará um período de recuperação de pelo menos dois meses.
O médico pessoal do papa, Luigi Carbone, afirmou que, caso continue apresentando progresso, Francisco poderá retomar suas atividades normais gradualmente.
A hospitalização prolongada, a mais longa de seu papado de 12 anos e a segunda maior da história recente da Igreja, gerou preocupação no Vaticano e entre os fiéis, que acompanharam apreensivos os 38 dias de internação.
“Hoje sinto uma grande alegria”, disse a médica Rossella Russomando, que acompanhava a saída do papa. “Todas as nossas orações trouxeram essa graça.”
No Vaticano, Francisco contará com oxigênio suplementar e assistência médica 24 horas por dia, se necessário. Ele continuará o tratamento com medicamentos para uma infecção fúngica nos pulmões e sessões de fisioterapia respiratória e física.
Doença respiratória e momentos críticos
O papa argentino, que convive com uma doença pulmonar crônica desde jovem, foi internado no hospital Gemelli em 14 de fevereiro após um quadro agravado de bronquite.
Os médicos inicialmente diagnosticaram uma infecção respiratória complexa de origem bacteriana, viral e fúngica. Pouco depois, confirmaram pneumonia em ambos os pulmões. Exames também indicaram anemia, plaquetas baixas e sinais iniciais de insuficiência renal, problemas que foram resolvidos com transfusões de sangue.
O estado de saúde de Francisco piorou no dia 28 de fevereiro, quando sofreu um forte ataque de tosse e aspirou vômito, necessitando de ventilação mecânica não invasiva. Nos dias seguintes, enfrentou duas novas crises respiratórias, que exigiram a remoção manual de grande quantidade de muco dos pulmões. Durante esse período, precisou dormir com máscara de ventilação para evitar o acúmulo de líquidos nos pulmões.
Apesar da gravidade do quadro, Francisco nunca foi intubado nem perdeu a consciência. No entanto, seu estado de saúde gerou grande preocupação, inclusive entre os médicos.
“Infelizmente, houve momentos em que muitos acreditaram que ele não resistiria”, disse Mario Balsamo, dono de uma cafeteria próxima ao hospital. “Mas hoje estamos muito felizes por vê-lo bem.”
“Sigo vivo”
O coordenador da equipe médica do papa, Sergio Alfieri, revelou que Francisco passou por momentos críticos durante as duas crises respiratórias e que seu estado de saúde esteve em risco.
“No auge da piora, ele perdeu o bom humor. Mas um dia perguntamos como ele estava e ele respondeu: ‘Sigo vivo’. Naquele momento, soubemos que ele estava melhorando”, relatou Alfieri.
Atualmente, o papa já não precisa usar ventilação assistida à noite e está reduzindo gradualmente o uso de oxigênio suplementar durante o dia.
Próximos compromissos ainda indefinidos
O Vaticano ainda não confirmou a participação do papa em eventos futuros, como a audiência com o rei Charles III no dia 8 de abril e as celebrações da Páscoa. No entanto, Carbone acredita que Francisco poderá estar recuperado o suficiente para viajar à Turquia no final de maio para um encontro ecumênico.
Além disso, 2025 marca um Ano Santo para a Igreja Católica, evento que ocorre a cada 25 anos e deve atrair mais de 30 milhões de peregrinos a Roma. A ausência de Francisco em algumas celebrações já era esperada, mas o Vaticano garantiu que isso não afetará a programação.
No dia 6 de março, Francisco publicou uma mensagem de áudio agradecendo as orações dos fiéis. No dia 16, o Vaticano divulgou uma foto do pontífice. No entanto, sua bênção neste domingo foi sua primeira aparição pública ao vivo desde o início da internação.
Na história recente da Igreja, apenas João Paulo II teve uma hospitalização mais longa, quando ficou 55 dias internado no hospital Gemelli em 1981.
