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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (OIEA), Rafael Grossi, alertou no sábado que o Irã ainda possui capacidade para reiniciar seu programa nuclear em curto prazo, apesar dos recentes bombardeios dos Estados Unidos em instalações chave em Isfahan, Natanz e Fordo.
“A capacidade que eles têm existe. Poderiam ter, em questão de meses, algumas cascatas de centrífugas produzindo urânio enriquecido”, declarou Grossi em entrevista à CBS News. O funcionário afirmou que, embora os ataques tenham causado “danos graves”, eles não destruíram totalmente a infraestrutura nem o conhecimento técnico acumulado por Teerã nos últimos anos.
“Eles tinham um programa muito ambicioso e parte dele pode continuar existindo. Francamente, não se pode afirmar que tudo desapareceu e que não sobrou nada”, acrescentou.
Grossi enfatizou que as capacidades tecnológicas do Irã, seu conhecimento científico e sua indústria nuclear não podem ser eliminados por meios militares. “Se assim desejar, poderá começar a fazê-lo novamente”, alertou. Nesse sentido, ele fez um apelo para a retomada do diálogo diplomático a fim de evitar uma nova escalada regional.
“Isso não será resolvido definitivamente por meios militares. Temos que voltar à mesa de negociações e encontrar uma solução tecnicamente sólida. Caso contrário, isso nos atingirá novamente. Esta é uma oportunidade. Temos uma oportunidade agora”, insistiu o chefe da OIEA.
A entrevista foi ao ar no mesmo dia em que o vice-presidente do Parlamento do regime iraniano, Hamid Reza Haji Babaei, anunciou que o Irã não permitirá novas visitas de Grossi nem reinstalará câmeras de vigilância em suas instalações nucleares.
A medida surge após a descoberta de “dados sensíveis” sobre o programa nuclear iraniano em documentos que, segundo Teerã, estavam em posse do governo de Israel.
O atual episódio de tensão remonta a 13 de junho, quando Israel lançou uma ofensiva militar contra o Irã, que respondeu com o lançamento de mísseis e drones contra o território israelense. Em 16 de junho, os Estados Unidos se juntaram ao conflito com uma série de ataques aéreos contra três instalações nucleares iranianas. Um cessar-fogo está em vigor desde a última terça-feira.
Apesar da trégua, as declarações da OIEA refletem uma crescente preocupação com a possibilidade de o Irã retomar o enriquecimento de urânio a níveis superiores aos permitidos pelo acordo nuclear de 2015. Esse pacto, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018, estabelecia limites rigorosos ao programa atômico iraniano em troca do levantamento de sanções internacionais.
Grossi reiterou que a OIEA necessita de acesso técnico e verificação contínua para evitar que o programa nuclear iraniano se desvie para fins militares. “O trabalho terá que continuar e, caso contrário, ninguém terá ideia do que está acontecendo”, afirmou.
“O Irã continuará com um programa nuclear, cujos contornos ainda estão por ser vistos e, tenho certeza, fará parte dessas negociações, que espero que sejam retomadas em breve”, concluiu Grossi, que se mostrou focado nos próximos passos diplomáticos para evitar uma reativação descontrolada do programa nuclear de Teerã.
(Com informações da Europa Press)
