O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo do governo Dilma confirmou à Veja nesta sexta-feira (27) as revelações do ex-procurador geral da República Rodrigo Janot sobre um pedido para proteger o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de qualquer investigação, feito com o aval e na presença do então vice-presidente Michel Temer.
Janot declarou que em março de 2016, pouco antes do impeachment de Dilma Rousseff, o PGR foi convidado junto com o ministro da Justiça para ir ao Palácio do Jaburu. Lá, estavam além do ex-presidente Temer o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, que lhe pediu, sem meias palavras, para poupar Eduardo Cunha de investigações movidas pelo Ministério Público Federal.
“Lá, ele (Temer), depois de um pequeno rodeio, falou assim: ‘Estamos aqui para conversar não com o procurador-geral, mas com o patriota’. E entra o Henrique Eduardo Alves e reafirma: ‘Estamos aqui falando com o patriota e queríamos chamar o senhor para não permitir que o Brasil entre numa ‘situação de risco’. Esse homem é um louco. O senhor tem de parar essa investigação’. O louco era Eduardo Cunha. Custei a acreditar que estava ouvindo aquilo e disse que aquela conversa estava errada. Diante da minha reação, Temer ainda insistiu: ‘O Henrique não está falando com o procurador-geral, ele está falando a um patriota. Não há gravidade na proposta que ele está fazendo’. Eles queriam que eu praticasse um crime, o de prevaricação. Falei alguns palavrões indizíveis antes de ir embora. A reunião foi testemunhada pelo Zé Eduardo (José Eduardo Cardozo)”, confirma Janot.