O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin disse que a Lava Jato não foi encerrada, apesar do fim da força-tarefa paranaense anunciado pelo MPF em 3 de fevereiro.
Ele é relator dos processos da operação no STF. As afirmações do ministro foram feitas em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta quarta-feira (10).
Segundo Fachin, o que estaria prestes a acabar é o que ele define como “lavajatismo, a doença infantil da Java Jato”, que “só vê virtudes [na operação] e não faz autocrítica”. Ele também fez críticas a quem “só vê defeitos na operação”.
“A Lava Jato, como em todas as ações humanas, tem virtudes e tem defeitos, mas não tenho a menor dúvida de que virtudes superam os defeitos. Não divinizo nem demonizo no sentido de entender que não há circunstâncias a verificar ou até mesmo a corrigir, como aliás o STF já fez”, afirmou.
Fachin disse também que a incorporação das forças-tarefas paranaense e carioca da Lava Jato ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPF é uma decisão acertada:
“O que acabou foram as forças-tarefas. A operação denominada Lava Jato não acabou e nem poderia, porque continua a independência dos membros do Ministério Público para investigar, e sempre que houver indícios de irregularidade e desvio de recursos deverão atuar”.
“Os procuradores da República, os integrantes do Ministério Público têm autonomia de atuação e independência. A força-tarefa é uma comunhão de pessoas e de recursos para atuar em conjunto. Produz mais resultados do ponto de vista dos seus afazeres? A experiência mostra que sim. Mas isso não inibe que o Ministério Público cumpra suas funções”, declarou.
Fachin disse ainda que enxerga “sintomas de revigoramento das práticas de corrupção reveladas pela Lava Jato”:
“Quando se observa o panorama presente, começa a se verificar que alguns episódios de corrupção que pareciam em tese banidos do cenário nacional voltam a se apresentar, basta ver os jornais de 2018 para cá. Isso significa que há um sistema de forças que se alimenta corrupção”.