Em entrevista ao Jornal da Manhã da Jovem Pan, o senador Ciro Nogueira considerou “grave” a opção do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de não acatar a decisão judicial que impede Renan Calheiros de assumir a relatoria da CPI da Covid-19.
“Acho um erro grave. Vamos ter que fazer um manual para saber quais decisões judiciais se cumprem e quais não se cumprem. A própria CPI está sendo instalada única e exclusivamente por conta de uma decisão judicial“, argumentou Nogueira.
Sobre a duração da comissão, o senador afirmou não ter expectativa de que será encerrada em 90 dias: “Vai depender dos profissionais em holofote”.
O senador também afirmou, na entrevista, que o governo, diante de uma CPI criada com o objetivo de atacá-lo, vai preparar sua defesa e que o maior problema não é a existência dela, mas o momento em que está sendo instalada.
Ele fez uma comparação com o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
“Estamos no meio dos aviões chamando os bombeiros e paramédicos para depor no meio do acidente, em vez de cuidar dos feridos. Estamos no meio de uma guerra política e escolhemos a disputa em vez de cuidar da população”, completou.
Ele também criticou as declarações do ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten: “Se nós formos utilizar qualquer entrevista de cidadão que se sente magoado como prova, não sei onde vamos chegar”.
De acordo com Nogueira, o primeiro requerimento que deve ser feito é pedir a Polícia Federal informações sobre quais investigações estão em curso e deram resultado, além de entrar em contato com o Tribunal de Contas da União (TCU). “Não é só desvio, mas também o envio de recursos que não foram utilizados no combate à pandemia. Alguns usaram o dinheiro para fazer caixa e sanear contas em vez de preparar o Estado para o enfrentamento da pandemia”.
Ciro destacou que não está na CPI para defender ou acusar governo, mas espera que o bom senso, a verdade e a transparência sejam respeitados: “O que é mais grave? O presidente usar cloroquina e não usar máscara ou os governadores que desviaram recursos públicos em compras fraudulentas?”, questionou.