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A VF Corporation, empresa responsável por marcas como Timberland, The North Face, Kipling e Vans, disse em nota enviada ao Estadão, na noite desta quarta-feira (28), que decidiu não seguir se “abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para os negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no País”.
O assunto surgiu na manhã desta quarta, quando foi divulgado o conteúdo de uma carta do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mencionando “suspensão de compras de couros a partir do Brasil de alguns dos principais importadores mundiais”. A carta dizia que a suspensão representava uma “informação devastadora”.
Pouco tempo depois, o presidente da entidade, José Fernando Bello, disse se tratou de um “erro de pré-avaliação” da entidade. “A carta foi divulgada (pelo próprio CICB) antes da checagem com a empresa importadora”, disse Bello. “Esse importador estaria supostamente suspendendo as compras. Foi um equívoco nosso. Vamos corrigir a informação junto ao governo federal.”
A nota da empresa diz que desde 2017 busca aprimorar o abastecimento global de couro por meio de “estudos para garantir que os fornecedores de couro estejam de acordo com nossos requisitos de abastecimento responsável”.
A empresa então disse que, como um resultado detalhado desse estudo, não conseguiu “assegurar satisfatoriamente que nossos volumes mínimos de couro comprados de produtores brasileiros sigam esse compromisso”. “Sendo assim, a VF Corporation e suas marcas decidiram não seguir abastecendo diretamente com couro e curtume do Brasil para nossos negócios internacionais até que haja a segurança que os materiais usados em nossos produtos não contribuam para o dano ambiental no país”, acrescentou.
O presidente Jair Bolsonaro havia chegado a se manifestar sobre o assunto. Pelo Twitter, ele disse: “Mais cedo, jornais publicaram que 18 marcas suspenderam a compra de couro brasileiro. Àqueles que torcem contra o país e que vergonhosamente divulgaram felizes a notícia, informo que o Centro de Indústria de Curtumes do Brasil negou tal suspensão. As exportações seguem normais.”
Antes do posicionamento da VF, o presidente do CICB havia dito que não havia intenção de os importadores boicotarem ou restringirem compras do produto brasileiro. Segundo ele, em contato com o CICB, o importador teria explicado que continuaria com os pedidos em andamento, mas que gostaria de “esclarecimento adicionais” sobre a origem e rastreabilidade do produto.
Também nesta quarta, a maior produtora mundial de salmão, a norueguesa Mowi ASA (MOWI.OL), declarou que poderá parar de comprar soja brasileira para ser usada na sua produção se o País não coibir o desmatamento. “É importante que nós e todos que compram bens do Brasil digam claramente que a floresta tropical deve ser preservada e a situação atual é inaceitável”, disse Catarina Martins, diretora de sustentabilidade da empresa.
Por Agência Estado