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Os médicos anunciaram na quinta-feira (24) que realizaram com sucesso um transplante duplo de pulmão em um paciente com câncer de pulmão terminal, dando nova esperança a outros que também têm estágios avançados da doença mortal.
Albert Khoury, um não fumante de 54 anos de Chicago, passou por uma cirurgia de sete horas para receber seus novos pulmões na Northwestern Medicine na cidade em 25 de setembro de 2021. Seis meses depois, os pulmões estão funcionando bem e ele tem nenhum sinal de câncer em seu corpo.
“O transplante de pulmão para câncer de pulmão é extremamente incomum, com poucos casos relatados”, disse Ankit Bharat, chefe de cirurgia torácica da Northwestern Medicine, em comunicado . “Para pacientes com câncer em estágio 4, o transplante de pulmão é considerado um completo ‘não-não’, mas como o câncer de Albert estava confinado apenas ao peito, estávamos confiantes de que poderíamos eliminar todo o câncer durante a cirurgia e salvar sua vida”.
Os cirurgiões geralmente relutam em prosseguir com esses transplantes porque, se houver algumas células cancerígenas restantes, há uma forte chance de que elas voltem a crescer em um paciente que esteja tomando medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição de órgãos.
Os poucos procedimentos desse tipo no passado não foram bem-sucedidos, mas, desde então, os avanços permitiram que os médicos entendessem melhor a disseminação do câncer.
No início de 2020, Khoury trabalhava como finalizador de cimento para a cidade de Chicago, quando começou a sentir dores nas costas, espirros, calafrios, tosse e muco. No início, ele assumiu que era COVID, mas ligou para o médico quando tossiu sangue.
“Eles descobriram o câncer de pulmão em estágio 1, mas devido ao surto de COVID-19 , não pude iniciar o tratamento imediatamente”, disse ele em comunicado.
Em julho de 2020, seu câncer progrediu para o estágio 2 e, apesar de várias rodadas de quimioterapia, continuou crescendo para o estágio 3 e 4.
Ele foi informado que não havia chance de sobrevivência, mas sua irmã lhe contou sobre os transplantes de pulmão pioneiros na Northwestern.
“Minha vida foi de zero a 100”
Em 2020, Bharat liderou uma equipe que realizou o primeiro transplante duplo de pulmão em uma mulher de 20 anos cujos pulmões foram dizimados pelo COVID-19. E em 2021, médicos da Northwestern Medicine transplantaram com sucesso ambos os pulmões em um paciente com COVID-19 de um doador que já havia se recuperado do vírus.
Khoury ficou sob os cuidados do oncologista Young Chae, da Northwestern, que queria primeiro tentar outros tratamentos de combate ao câncer – mas sua saúde continuou declinando, deixando-o em uma unidade de terapia intensiva com pneumonia e sepse.
Foi determinado que ele era de fato um candidato a transplante, já que o câncer, apesar de estar em estágio 4, não havia se espalhado para outros órgãos, e ele recebeu seus novos pulmões após uma espera de duas semanas.
A equipe teve que remover “trilhões” de células cancerígenas em todos os pulmões dentro de um período de seis horas, tomando cuidado para não derramar material em sua cavidade torácica ou na corrente sanguínea.
Bharat disse que havia alguma preocupação com o risco de recorrência após o transplante, já que os pacientes devem tomar medicamentos que podem suprimir o sistema imunológico. Ele disse que se os pacientes têm células cancerosas persistentes no corpo, “elas podem incendiar-se muito rapidamente”.
Mas quase seis meses após o procedimento, os médicos estão felizes com o progresso de Khoury.
“Seis meses após o transplante, estamos entusiasmados com o progresso de Albert. Ele não precisa de oxigênio e está levando uma vida normal”, disse Chae.
Khoury agora pode trabalhar e ir à academia, sem precisar de suporte respiratório.
“Minha vida foi de zero a 100 por causa da Northwestern Medicine”, disse ele. “Você não viu esse sorriso no meu rosto por mais de um ano, mas agora eu não consigo parar de sorrir.”
Com base no sucesso, Bharat e Chae estão desenvolvendo um novo conjunto de protocolos para determinar quem mais pode ser elegível para esse tratamento.
O câncer de pulmão é de longe a principal causa de mortes relacionadas ao câncer nos Estados Unidos, representando quase 25% de todas as mortes por câncer. Mas um relatório recente da American Cancer Society descobriu que os cânceres de pulmão estão sendo diagnosticados mais cedo e os pacientes estão vivendo mais.
