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China deve interromper o apoio à invasão da Rússia na Ucrânia se quiser manter boas relações com o Ocidente, alertou nesta quinta-feira o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.
Durante uma visita a Berlim, o líder da aliança militar ocidental afirmou que a assistência de Pequim era crucial para o esforço bélico de Moscou, já que estava sustentando a economia de guerra da Rússia ao compartilhar tecnologia de ponta, como semicondutores.
“No ano passado, a Rússia importou da China 90% de sua microeletrônica, usada na fabricação de mísseis, tanques e aviões. A China também está trabalhando para fornecer à Rússia melhores capacidades de satélite e imagens”, afirmou Stoltenberg.
“China diz que quer manter boas relações com o Ocidente. Ao mesmo tempo, Pequim continua alimentando o maior conflito armado na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Eles não podem ter as duas coisas”, advertiu.
Stoltenberg instou os aliados ocidentais a não se tornarem tão dependentes da China quanto foram da Rússia.
“No passado, cometemos o erro de depender do petróleo e gás russo”, disse. “Não devemos repetir esse erro com a China. Depender do seu dinheiro, suas matérias-primas, suas tecnologias… essas dependências nos tornam vulneráveis.”
Nos últimos anos, a China fortaleceu laços comerciais e militares com a Rússia, à medida que os Estados Unidos e seus aliados impunham sanções a ambos, especialmente a Moscou pela invasão à Ucrânia.
O comércio entre China e Rússia atingiu a marca recorde de US$ 240,1 bilhões em 2023, um aumento de 26,3% em relação ao ano anterior, segundo dados das alfândegas chinesas. As remessas chinesas para a Rússia aumentaram 46,9% em 2023, enquanto as importações da Rússia aumentaram 13%.
No mês passado, a Reuters informou que o presidente russo Vladimir Putin viajará à China em maio para se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping, em que poderá ser a primeira viagem ao exterior de seu novo mandato presidencial.
Aumentar os gastos militares
Além disso, Stoltenberg pediu nesta quinta-feira aos países da aliança atlântica que aumentem os gastos militares devido às tensões com a Rússia e criticou que a Ucrânia não tenha recebido nos últimos meses a ajuda prometida.
Desde a anexação russa da Crimeia em 2014, a OTAN respondeu com o maior aumento na defesa em uma geração, disse ele, mas advertiu que “é preciso ir mais longe” e que cada aliado deve “fazer o necessário” para poder cumprir plenamente seus planos defensivos e alcançar a meta mínima de 2% do PIB.
Stoltenberg reconheceu que aumentar os gastos com defesa não é fácil, já que “quanto mais se gasta em defesa, menos se gasta em outras coisas: saúde, educação, infraestrutura”. No entanto, ele destacou que, se os gastos militares diminuíram com o fim da Guerra Fria, é necessário ter a capacidade de aumentá-los agora que as tensões estão aumentando.
Além disso, ele expressou a expectativa de que na próxima cúpula da aliança em Washington, em junho, a OTAN decida assumir um papel maior na coordenação da assistência militar e no treinamento de soldados ucranianos, para dar à assistência militar uma base “mais robusta e de longo prazo”.
Globalmente, a OTAN também precisa reforçar sua cooperação com países de valores semelhantes, já que a Rússia conta com o apoio da China, Coreia do Norte e Irã, que alimentam a “economia de guerra” de Moscou, afirmou.
O secretário-geral da OTAN chegou nesta quinta-feira à Alemanha, onde visitou a base aérea de Laage, no nordeste do país, onde está estacionada a 73ª Ala Aérea Tática da Força Aérea Alemã, além de se encontrar com a ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
Para esta sexta-feira está previsto que ele se reúna com membros das comissões de Relações Exteriores e Defesa do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), além do chanceler Olaf Scholz.
(Com informações da EFE e Reuters)