Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão.
Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Pelo terceiro dia consecutivo, o rio Madeira registrou mínimas históricas. Na madrugada desta terça-feira (10), o nível em Porto Velho caiu para 67 centímetros, o menor em quase 60 anos, desde que o monitoramento começou em 1967 pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
O rio Madeira, com cerca de 1.500 quilômetros de extensão e um dos maiores do Brasil e do mundo, é o afluente mais longo e crucial do rio Amazonas. Suas margens abrigam mais de 50 comunidades ribeirinhas, apenas em Porto Velho.
A seca extrema forçou a Defesa Civil Municipal e assistentes sociais a iniciar a distribuição de água potável para as famílias afetadas a partir de segunda-feira (9). Mais de 700 famílias em 16 comunidades serão atendidas. Sem acesso a água encanada, os ribeirinhos dependem de poços amazônicos ou da água do próprio rio, que agora está distante e com os poços secos.
Valdino Costa, de 35 anos e residente na comunidade ribeirinha de Itapuã, relatou que nunca enfrentou uma estiagem tão severa. Segundo ele, trabalhar com o escoamento de banana há mais de 20 anos e morar na comunidade há 42 anos faz com que a situação atual seja inédita para ele. Costa comentou que a vida está complicada e é difícil carregar as caixas de bananas por essa distância.
Muitas famílias ribeirinhas estão limitadas a menos de 50 litros de água por dia para toda a residência, menos da metade dos 110 litros recomendados pela ONU para suprir as necessidades básicas de uma pessoa. Os poços amazônicos, chamados “cacimbas”, são utilizados para captar água dos lençóis freáticos. No entanto, a água é muitas vezes tratada com kits de hipoclorito de sódio fornecidos pelas autoridades para torná-la potável.
Na comunidade Maravilha 2, na zona rural de Porto Velho, as famílias estão racionando água, com o “cacimbão” quase seco. Anteriormente, o nível do poço era constante em meio metro, mas agora está reduzido a apenas 10 centímetros. Antônio Nogueira, morador da comunidade há 40 anos, observou que nunca havia visto uma seca tão severa e que agora precisa pegar água em pequenas quantidades para evitar que acabe rapidamente.
Além dos impactos diretos nas comunidades, a seca extrema também afeta a geração de energia. As hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, localizadas no rio Madeira, operam com capacidade reduzida devido à baixa vazão. Jirau está funcionando com 20% das turbinas e Santo Antônio com 14%.
O SGB instalou uma nova régua de medição, que vai até 0 centímetros, pois pela primeira vez na história o rio Madeira está abaixo de um metro. Apesar da preocupação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) com a seca, não há previsão de falta de energia. O ONS afirma que o Sistema Interligado Nacional (SIN) possui recursos suficientes para atender às demandas de carga e potência.