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O Ministério Público Federal (MPF) instaurou na quarta-feira (25) um procedimento investigatório criminal para apurar a conduta dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na abordagem que resultou em Juliana Leite Rangel, de 26 anos, baleada na cabeça na véspera de Natal, em Duque de Caxias (RJ). O objetivo do MPF é garantir que a investigação, já iniciada pela Polícia Federal (PF), seja conduzida de forma rigorosa.
Juliana estava no carro da família com o pai, a mãe, o irmão e a cunhada, a caminho de uma festa de Natal, quando os policiais dispararam em série contra o veículo. Seu estado de saúde é gravíssimo, segundo o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), onde está internada. A PRF lamentou profundamente o episódio, afastou os policiais envolvidos e está colaborando com as investigações da Polícia Federal.
O procedimento instaurado pelo procurador da República Eduardo Santos de Oliveira Benones exige que a PF preste contas sobre o que já foi apurado; que as viaturas envolvidas sejam recolhidas com “total preservação” do seu estado após a ocorrência; que as armas dos policiais sejam recolhidas para perícia; e que sejam informadas as medidas de assistência prestadas pela PRF à família de Juliana.
O MPF também cobra informações sobre os procedimentos médicos realizados na jovem e seu estado de saúde desde a chegada ao hospital até o momento presente. Segundo a prefeitura de Duque de Caxias, Juliana foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento sem intercorrências. “No momento, segue internada no CTI, hemodinamicamente instável, entubada e acompanhada por equipe multidisciplinar. A paciente mantém o quadro gravíssimo”, diz o último boletim divulgado.
Em entrevista, o pai de Juliana, Alexandre Rangel, que também foi atingido por um tiro no dedo, relatou que dirigia o carro quando avistou a viatura da PRF e abriu passagem para o veículo passar. No entanto, os agentes começaram a atirar contra a família de repente. “Não deram ordem de parada, não deram nada. Eu percebi que era tiro quando quebrou o estilhaço do carro. Eu pedi para os meus filhos e para a namorada do meu filho adolescente se agacharem e ficarem deitados no assoalho do carro. Eles continuaram metendo tiros, mais de 30. De fuzil, pistola”, disse.
O superintendente geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, classificou o caso como “um evento traumático”. O superintendente da PRF no Rio, Vitor Almada, confirmou que a patrulha era composta por três agentes – dois homens e uma mulher – que portavam dois fuzis e uma pistola automática. Os nomes dos policiais não foram informados.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em nota divulgada pela pasta, afirmou: “A polícia não pode combater a criminalidade cometendo crimes. As polícias federais precisam dar o exemplo às demais polícias”. Lewandowski lamentou o incidente, que, na visão dele, “demonstra a importância de uma normativa federal que padronize o uso da força pelas polícias em todo o país”. “O Ministério da Justiça e Segurança Pública lamenta o ocorrido e se solidariza com a vítima e seus familiares. Informa ainda que tem empenhado todos os esforços para que as responsabilidades sejam devidamente apuradas”, completou a nota.