Entre nos nossos canais do Telegram e WhatsApp para notícias em primeira mão. Telegram: [link do Telegram]
WhatsApp: [link do WhatsApp]
Esquecer a toalha, a máquina de barbear ou a escova de dentes durante uma viagem pode parecer um inconveniente menor, mas recorrer aos itens de higiene pessoal de outra pessoa envolve riscos para a saúde que muitas vezes passam despercebidos.
Especialistas citados pelo The Conversation e diversos estudos científicos alertam que compartilhar objetos de higiene facilita a transmissão de bactérias, vírus e fungos, alguns resistentes a antibióticos ou causadores de doenças graves.
Embora conviver no mesmo ambiente implique um certo intercâmbio de microrganismos, os especialistas recomendam evitar o uso compartilhado de itens pessoais como uma medida sensata para reduzir a exposição a infecções.
A sobrevivência de microrganismos em superfícies de banheiro é considerável. Segundo informações do The Conversation, bactérias, vírus e fungos patogênicos podem permanecer ativos em tecidos, plásticos e metais por períodos que variam de dias a anos.
Por exemplo, o fungo Aspergillus pode se manter viável por mais de um mês em tecidos e plásticos, enquanto algumas bactérias sobrevivem nesses ambientes por anos. Os vírus, por sua vez, podem persistir em cerâmica, metais, tecidos e plásticos de algumas horas até vários meses, aumentando o risco de transmissão ao compartilhar objetos pessoais.
1. Toalhas usadas e transmissão de bactérias
O caso das toalhas usadas ilustra esse perigo. Estudos mostram que compartilhar toalhas aumenta a probabilidade de infecções de pele. Um case report realizado nos Estados Unidos documentou um surto de Staphylococcus aureus resistente a antibióticos entre jogadores de futebol americano do ensino médio.
Os atletas que compartilharam toalhas tinham oito vezes mais chances de se infectar. Essa bactéria pode causar impetigo, uma doença de pele que, em casos raros, pode levar a um choque séptico potencialmente mortal.
O risco é maior em ambientes com cortes ou arranhões, comuns em esportes de contato. Outro estudo americano, que analisou 150 lares durante um ano, constatou aumento significativo da transmissão de Staphylococcus aureus quando os moradores compartilhavam toalhas.
Lavar as mãos e o corpo com água e sabão reduz a quantidade de microrganismos, mas não os elimina completamente. Além disso, o calor e a umidade do banheiro favorecem sua proliferação. Mesmo sem desenvolver infecção, a colonização por patógenos pode ser um problema, principalmente quando são resistentes a antibióticos, exigindo tratamentos mais longos e caros.
2. Escovas de dentes e transmissão de vírus
A escova de dentes é outro ponto de risco. Microrganismos sobrevivem em superfícies duras e o contato com gengivas, que podem sangrar, facilita a transmissão de vírus como hepatite C.
Especialistas afirmam que compartilhar escovas de dentes não é recomendado, já que muitas pessoas podem portar hepatite C sem sintomas. Qualquer objeto em contato com saliva, como a escova, pode transmitir HSV-1 (herpes simples tipo 1) ou vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose infecciosa. Mesmo pessoas assintomáticas podem propagar o vírus.
Uma revisão citada pelo The Conversation identificou que escovas de dentes podem estar contaminadas com bactérias patogênicas como Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas, além de HSV-1, que pode permanecer ativo de 2 a 6 dias em objetos plásticos.
3. Aparelhos de barbear e risco de transmissão sanguínea
Aparelhos de barbear também apresentam risco. Microrganismos sobrevivem nas lâminas e pequenos cortes facilitam a entrada de vírus presentes no sangue.
Além disso, esses objetos podem transmitir o papilomavírus humano (HPV), responsável por verrugas. Por isso, dermatologistas recomendam o uso exclusivo de objetos de higiene pessoal.
Pessoas com cortes ou feridas têm maior vulnerabilidade, como observado em atletas que compartilhavam toalhas. Quem possui sistema imunológico debilitado — bebês, idosos, pessoas em tratamento imunossupressor ou com diabetes tipo 2 — também está mais suscetível a infecções, que podem ter consequências mais graves.
4. Contaminação em pincéis de maquiagem
Um estudo publicado no International Journal of Microbiology analisou brochas e pincéis de maquiagem e constatou altos níveis de contaminação bacteriana. Foram identificadas bactérias patogênicas como Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, favorecidas pelo acúmulo de resíduos, umidade e contato repetido com a pele.
A limpeza pouco frequente e o compartilhamento de pincéis aumentam significativamente o risco de transmissão microbiana, tornando-os potenciais veículos de doenças de pele e infecções resistentes.
Recomendações finais
Apesar dos riscos, a probabilidade de contrair infecção ao compartilhar objetos de higiene pessoal é baixa na maioria dos casos. Em conviventes ou casais, o contato próximo já implica troca de microrganismos.
No entanto, especialistas reforçam que não compartilhar itens pessoais é uma prática prudente. Usar apenas os próprios objetos de banho reduz a exposição a infecções evitáveis, considerando:
-
A durabilidade dos microrganismos em superfícies;
-
Maior risco em pessoas com lesões ou imunidade comprometida;
-
Importância de manter hábitos de higiene individualizados.