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A usina nuclear Diablo Canyon, localizada em San Luis Obispo, Califórnia, e única remanescente no estado, está programada para iniciar seu processo de descomissionamento em 2029. Apesar de sua existência incerta, a instalação recebeu, no final do ano passado, oito processadores gráficos NVIDIA H100, considerados entre os mais potentes do mundo. Esses dispositivos alimentam uma nova ferramenta de inteligência artificial desenvolvida para a indústria nuclear, chamada Neutron Enterprise.
A Pacific Gas and Electric (PG&E), operadora de Diablo Canyon, firmou um acordo com a startup de inteligência artificial Atomic Canyon, marcando o primeiro uso de IA gerativa em uma usina nuclear nos Estados Unidos. Inicialmente, o Neutron Enterprise foi projetado para auxiliar os trabalhadores na navegação por milhões de páginas de documentos técnicos e regulamentações da Comissão Reguladora Nuclear, acumulados ao longo de décadas.
A PG&E está implementando o serviço de recuperação de documentos em fases, com previsão de implantação completa até o terceiro trimestre deste ano. Maureen Zawalick, vice-presidente de serviços técnicos e de negócios da PG&E, descreveu o Neutron Enterprise como um “copiloto” de mineração de dados, capaz de reduzir significativamente o tempo gasto em pesquisas. “Provavelmente gastamos cerca de 15.000 horas por ano pesquisando em nossos múltiplos bancos de dados, registros e procedimentos. Isso vai reduzir esse tempo consideravelmente”, afirmou Zawalick.
Embora a PG&E e a Atomic Canyon tenham concordado em manter o uso da IA restrito por enquanto, há planos de expandir sua aplicação no futuro. Trey Lauderdale, CEO da Atomic Canyon, destacou que o objetivo da ferramenta é melhorar a eficiência dos trabalhadores, mas descartou a possibilidade de a IA operar usinas nucleares no curto prazo.
Preocupações e regulamentação
A introdução da IA em Diablo Canyon gerou preocupações entre legisladores e especialistas em tecnologia. Tamara Kneese, diretora de uma organização de políticas tecnológicas, alertou para os riscos de confiar na PG&E para usar IA gerativa com segurança em um ambiente nuclear. A deputada democrata Dawn Addis, representante de San Luis Obispo, também expressou dúvidas sobre segurança, supervisão e implicações trabalhistas. “Precisamos de regulamentações em vigor, especialmente se pretendemos usá-las em locais altamente sensíveis como Diablo Canyon”, afirmou Addis.
A Comissão Reguladora Nuclear tem explorado o uso de IA em usinas nucleares, mas sua prioridade nesse tema permanece incerta. A Atomic Canyon, por sua vez, mantém a Comissão informada sobre seus planos de forma voluntária.
Perspectivas futuras
Fundada em 2023, a Atomic Canyon desenvolveu o Neutron Enterprise após baixar cerca de 53 milhões de páginas de documentos públicos da Comissão Reguladora Nuclear. Lauderdale enfatizou que a IA não assumirá decisões operacionais em usinas nucleares num futuro próximo. “Acho que não teremos a IA operando usinas nucleares por um longo tempo”, concluiu.
A parceria entre PG&E e Atomic Canyon representa um avanço tecnológico significativo, mas também levanta questões sobre regulamentação e segurança em um setor altamente sensível. O uso de IA em Diablo Canyon pode ser um marco para a indústria nuclear, mas exige escrutínio contínuo e medidas de proteção robustas.
Com informações de agências internacionais
