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Homens armados derrubaram em Alepo uma estátua de Bassel al-Assad, irmão do ditador sírio Bashar al-Assad, em um ato simbólico que reflete o avanço dos grupos rebeldes na cidade após uma ofensiva relâmpago contra as forças governamentais.
O episódio ocorreu na Praça Bassel, em Alepo, onde a estátua permanecia como homenagem ao filho mais velho de Hafez al-Assad, que era considerado o sucessor designado do pai antes de morrer em um acidente de trânsito em 1994.
De acordo com testemunhas, a estátua foi atacada poucas horas depois da entrada dos insurgentes em Alepo, representando o maior revés para o regime na cidade desde o início do conflito na Síria, em 2011.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram a estátua derrubada enquanto homens armados celebram na praça. A Reuters confirmou a localização por elementos característicos da rotatória, prédios ao redor e vias que coincidem com imagens de arquivo. No entanto, não foi possível verificar a afiliação dos homens que aparecem nos vídeos.
Ofensiva relâmpago
O avanço insurgente, liderado por uma coalizão de grupos rebeldes dominada por jihadistas e apoiada parcialmente pela Turquia, começou na quarta-feira com ataques coordenados no norte do país. Dois dias depois, os combatentes entraram em Alepo, tomando bairros estratégicos, o aeroporto internacional e locais de importância histórica, como a cidadela medieval no centro da cidade.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), com sede no Reino Unido, informou que os insurgentes controlam quase toda Alepo, com exceção de áreas sob domínio das forças curdas. “Pela primeira vez desde o início do conflito, Alepo escapa ao controle do regime sírio”, declarou Rami Abdel Rahman, diretor da organização.
O OSDH também relatou que os insurgentes tomaram cidades e vilarejos no norte da província de Hama, revertendo avanços obtidos pelas forças governamentais em 2016.
Resposta do regime
O exército sírio anunciou no sábado que está redistribuindo tropas e preparando um contra-ataque para retomar as áreas perdidas. Em comunicado, desmentiu rumores sobre deserções em massa e afirmou que “o comando geral continua combatendo as organizações terroristas”.
Ao mesmo tempo, a aviação governamental lançou ataques contra posições rebeldes em Alepo, segundo o jornal pró-regime Al Watan. Testemunhas relataram bombardeios na Praça Bassel, que deixaram vítimas, embora números exatos não tenham sido divulgados.
O ditador Bashar al-Assad, em suas primeiras declarações públicas desde o início da ofensiva, reiterou que seu governo continuará “defendendo a estabilidade e a integridade territorial” do país contra “terroristas e seus patrocinadores”.
Implicações regionais e internacionais
O avanço rebelde representa um grande desafio para o regime de Assad, que consolidou o controle sobre Alepo em 2016 com o apoio da Rússia e do Irã. A ofensiva surpresa parece ter sido planejada ao longo de anos e coincide com um cessar-fogo no vizinho Líbano entre Israel e o Hezbollah, aliado de Assad.
Autoridades turcas, que apoiam grupos opositores, afirmaram que a ofensiva começou como uma medida limitada para conter ataques governamentais contra áreas controladas pela oposição. No entanto, as retiradas das forças de Assad permitiram a ampliação da operação.
O governo dos Estados Unidos atribuiu o sucesso rebelde à resistência de Assad em implementar um processo político apoiado pela ONU e à sua dependência de Rússia e Irã.
Golpe para Assad
A perda de Alepo, a segunda maior cidade da Síria, é um golpe duro para o regime, tanto estrategicamente quanto simbolicamente. A cidade era um bastião crucial para o poder de Assad e sua reconquista em 2016 marcou um ponto de virada na guerra civil.
O conflito na Síria, iniciado em 2011 com protestos pacíficos contra o governo, evoluiu para uma guerra total envolvendo diversos atores nacionais e internacionais. De acordo com estimativas da ONU, a guerra já causou centenas de milhares de mortes e deslocou milhões de pessoas.
(Com informações de Reuters, AP e AFP)