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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (13) que ordenará o fim de todas as sanções impostas à Síria, como parte de uma nova estratégia para o Oriente Médio. A medida tem como objetivo abrir uma fase de diálogo e reconstrução das relações bilaterais, após a queda do regime de Bashar al-Assad.
“Vou ordenar o fim das sanções contra a Síria para dar a eles uma chance de grandeza”, declarou Trump durante sua participação em um fórum de investimentos em Riad, na Arábia Saudita. “É o momento deles brilharem. Vamos retirar todas as sanções. Boa sorte, Síria, mostre algo muito especial”, afirmou, sendo aplaudido pelo público.
Trump também confirmou que se reunirá nesta quarta-feira com o novo presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, em Riad. Será o primeiro encontro entre um presidente dos EUA e um chefe de Estado da Síria em mais de 20 anos. A Casa Branca informou que a reunião será breve, mas “simbolicamente importante” para iniciar um processo de reaproximação.
Simultaneamente, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, se encontrará na Turquia com o ministro das Relações Exteriores da Síria, Asaad al Shaibani, em um esforço para retomar o diálogo diplomático entre os dois países. O movimento segue a linha de normalização diplomática impulsionada por potências regionais como Arábia Saudita e Turquia.
A ascensão de Al Sharaa, ex-comandante do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e anteriormente conhecido como Abu Mohammed al-Golani, marcou uma reviravolta na política síria após a ofensiva rebelde que, em dezembro de 2024, tomou o controle de Damasco e encerrou mais de cinco décadas de domínio da família Assad. Apesar de seu passado ligado à Al-Qaeda e de ainda estar sob ordem de prisão no Iraque por acusações de terrorismo, Al Sharaa tem tentado se distanciar dessa imagem e conquistar legitimidade internacional.
Trump reconheceu a controvérsia em torno do novo líder sírio, mas indicou disposição para avançar nas negociações. “Há uma nova administração que, com sorte, será bem-sucedida”, afirmou.
Durante seu discurso, Trump apresentou uma visão mais ampla para o Oriente Médio, criticando duramente seu antecessor, Joe Biden, a quem acusou de fraqueza e incompetência. “Fizeram ele de bobo”, disse, alegando que, sob sua gestão, não teriam ocorrido nem a guerra na Ucrânia nem os atentados de 7 de outubro de 2023 cometidos pelo Hamas.
Trump também afirmou que seu governo aplicará “pressão máxima” sobre o Irã, caso o país não aceite retomar as negociações para limitar seu programa nuclear. “É hora de decidir. O tempo é curto. Tudo acontece muito rápido”, alertou, acusando Teerã de financiar “o terrorismo e os massacres” na região, citando Hezbollah e os rebeldes houthis.
O ex-presidente voltou a destacar os Acordos de Abraão, firmados durante seu primeiro mandato, que permitiram a normalização das relações entre Israel e diversos países árabes. Ele expressou esperança de que a Arábia Saudita se junte ao acordo “no momento certo”.
Trump ainda elogiou o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, a quem chamou de “grande homem”, e anunciou um acordo de investimento conjunto de 600 bilhões de dólares.
Embora o novo governo sírio ainda não tenha reconhecimento formal por parte dos Estados Unidos, o anúncio de suspensão das sanções representa uma reviravolta significativa na política externa americana. Analistas acreditam que esse movimento pode redesenhar o tabuleiro geopolítico regional, enfraquecendo a influência do Irã em Damasco e reforçando o papel de aliados de Washington no Golfo.
Para o analista sírio Ibrahim Hamidi, editor-chefe da revista Al Majalla, “os encontros entre Síria e Estados Unidos em Riad abrem caminho para discutir temas centrais em um novo ambiente de diálogo”.
A evolução da relação entre Washington e a nova liderança síria será um dos pontos-chave para acompanhar os próximos passos diplomáticos no Oriente Médio, ainda marcado por interesses conflitantes, ameaças latentes e a busca por uma estabilidade duradoura.
