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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (3) que deve ser conhecida em breve a resposta do grupo Hamas à proposta de cessar-fogo com Israel. Segundo ele, a expectativa é que, “nas próximas 24 horas”, fique claro se o grupo palestino aceitará um acordo de trégua de 60 dias na Faixa de Gaza.
“Vamos saber em breve se o Hamas concorda com o cessar-fogo”, disse Trump a jornalistas em Washington, após retornar de um evento em Iowa. Ele declarou ainda que Israel já teria dado sinal verde para o acordo, e que agora aguarda apenas uma resposta formal do Hamas.
A proposta prevê uma trégua de dois meses como etapa inicial para a construção de uma solução mais ampla para o conflito, que já dura quase 21 meses. Segundo a agência Reuters, o Hamas está exigindo garantias de que a suspensão das hostilidades levará ao fim definitivo da guerra.
Em comunicado divulgado na quarta-feira (2), o Hamas informou que ainda está avaliando a proposta. O grupo reitera que qualquer acordo precisa garantir o fim da ofensiva israelense, a retirada total das tropas de Gaza e a entrada irrestrita de ajuda humanitária no território.
Especialistas ouvidos pela imprensa internacional apontam que ainda há impasses relevantes. Hugh Lovatt, do Conselho Europeu de Relações Exteriores (ECFR), acredita que o Hamas pode considerar a proposta, se adotar uma postura mais pragmática. No entanto, ele alerta para as “diferenças significativas” ainda existentes, como o pedido por um fim permanente da guerra e a abertura de Gaza à assistência humanitária.
Para Andreas Krieg, especialista em Oriente Médio do King’s College de Londres, a “profunda desconfiança do Hamas em relação às intenções de Israel” ainda é um obstáculo importante. Ele lembrou que trégua anterior, firmada em janeiro, foi rompida em março com a retomada dos ataques israelenses.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou nesta semana que o objetivo do país segue sendo a destruição total do Hamas. “Vamos eliminar o Hamas pela raiz”, declarou, em referência ao ataque do grupo em 7 de outubro de 2023, considerado o estopim da atual escalada.
A ala mais radical do governo israelense também pressiona para manter a ofensiva. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, chegou a defender a ocupação total da Faixa de Gaza e a “transferência” da população local, em declaração polêmica à TV israelense.
Mesmo assim, analistas avaliam que fatores internos podem motivar Netanyahu a aceitar uma trégua. Krieg destaca que a popularidade do premiê cresceu após o confronto com o Irã, e que o alto comando militar pressiona por uma solução negociada. Lovatt, por sua vez, aponta possível mudança nos cálculos políticos de Netanyahu, que até aqui vinha se apoiando na continuidade da guerra para sustentar sua base mais à direita.
Trump, que deverá receber Netanyahu na Casa Branca na próxima segunda-feira (7), afirmou que será “muito firme” quanto à necessidade de encerrar o conflito. “É evidente que Trump e os EUA têm a chave para esse processo”, avaliou Lovatt.
Paralelamente, o cessar-fogo entre Israel e Irã, mediado por Washington, segue em vigor pela segunda semana. Após os bombardeios de instalações nucleares iranianas por parte dos Estados Unidos, espera-se que as negociações nucleares entre os dois países sejam retomadas em breve.
Para Andreas Krieg, a pressão dos EUA pode ser decisiva. “Israel vai agir de acordo com seus próprios interesses, mas sem uma pressão sustentada e calibrada de Washington, é improvável que se chegue a um acordo duradouro”, concluiu.
Com informações da AFP.
