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O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (3) que apresentará ao Comitê de Sanções do Conselho de Segurança da ONU um pedido formal para sancionar sete embarcações identificadas por violarem as restrições internacionais impostas à Coreia do Norte.
De acordo com um alto funcionário do Departamento de Estado, os navios sob investigação teriam realizado exportações ilegais de carvão e minério de ferro para a China, atividades que representam uma das principais fontes de financiamento dos programas de mísseis e armas nucleares do regime de Kim Jong-un.
As sanções solicitadas incluem o congelamento de ativos, a proibição de entrada em portos ao redor do mundo e a exigência de que os países de bandeira cancelem o registro das embarcações.
“Essas ações não são simples trâmites burocráticos. Trata-se de garantir que as sanções sejam eficazes e de interromper o fluxo de recursos que sustenta o avanço do armamento norte-coreano”, afirmou o funcionário norte-americano.
O embargo internacional contra a Coreia do Norte está em vigor desde 2006 e vem sendo endurecido ao longo dos anos, especialmente após os sucessivos testes de mísseis balísticos e explosões nucleares conduzidos por Pyongyang.
As medidas da ONU buscam impedir a exportação de matérias-primas estratégicas, como carvão, ferro, chumbo, têxteis e produtos marítimos, além de restringir severamente a importação de combustíveis pelo regime norte-coreano.
No entanto, a eficácia das sanções tem sido questionada, diante das reiteradas violações e da falta de consenso entre os membros do Conselho de Segurança. China e Rússia, aliados históricos de Pyongyang, têm manifestado interesse em flexibilizar o embargo nos últimos anos, sob o argumento de estimular o diálogo e a desnuclearização, e podem bloquear a nova proposta dos EUA.
Segundo o mesmo funcionário, que pediu anonimato, o tráfico ilegal de carvão e ferro gera para a Coreia do Norte entre 200 e 400 milhões de dólares por ano, valores que, segundo ele, “alimentam diretamente os programas de armas com os quais Kim Jong-un ameaça a estabilidade regional”.
O pedido dos EUA ocorre em um momento de alta tensão militar na Península Coreana. Na semana passada, Kim Jong-un supervisionou exercícios militares de elite e reiterou a necessidade de preparar o Exército para uma “guerra real”.
Enquanto isso, Coreia do Sul e China realizaram recentemente uma reunião para discutir estratégias regionais sobre a ameaça nuclear, mas não houve acordo concreto para retomar as negociações diplomáticas. O presidente sul-coreano Lee Jae-myung tentou, sem sucesso, colocar a desnuclearização do Norte como prioridade nas conversas com Pequim.
Os Estados Unidos temem que, sem a aplicação rigorosa das sanções e punição às violações, o impacto sobre os programas nucleares e de mísseis da Coreia do Norte seja cada vez menor.
“Se não houver consequências, as sanções deixam de ser críveis e o perigo continuará crescendo”, alertou o funcionário do Departamento de Estado.
Nos últimos 12 meses, imagens de satélite e operações internacionais de inteligência detectaram centenas de transferências ilícitas de recursos entre navios em alto-mar e portos asiáticos, com o objetivo de driblar os mecanismos de fiscalização e punição.
A Coreia do Norte, por sua vez, nega qualquer intenção de abandonar o desenvolvimento de suas capacidades estratégicas, questiona a legitimidade das sanções da ONU e afirma que seu programa militar tem fins defensivos.
As autoridades norte-coreanas continuam ignorando os apelos ao diálogo e as ofertas de negociação apresentadas recentemente pelo governo dos Estados Unidos.
Com a pressão na ONU aumentando e o impasse diplomático se agravando, o desfecho do caso dependerá da vontade política dos membros permanentes do Conselho de Segurança.
Washington reforça que manter sanções rigorosas e cortar o financiamento do regime é o primeiro passo indispensável para alcançar avanços concretos na segurança do nordeste asiático.
(Com informações da Reuters)