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Entraram em vigor nesta quarta-feira (9), à 0h01 (horário de Washington), as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, com sobretaxas que chegam a 104% sobre produtos chineses e impactos em exportações de mais de 50 países. A medida, defendida por Donald Trump como parte de uma política de “tarifas recíprocas”, visa pressionar países com superávit comercial elevado com os EUA, como China, Índia e Vietnã.
A decisão provocou reações em cadeia nos mercados globais. Na Ásia, os índices acionários despencaram: o Taiex, de Taiwan, caiu 5,8%; o Nikkei 225, de Tóquio, recuou 3,93%; e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu 1,6%. Na Índia, tarifas de 26% afetaram os índices Sensex e Nifty 50, enquanto o banco central do país cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, tentando estimular a economia diante de um cenário global classificado como “desafiador”.
Na Europa, as bolsas também registraram fortes quedas. O índice FTSE 100, de Londres, caiu 2,2%; o DAX, da Alemanha, recuou 2,3%; e o CAC 40, da França, perdeu 2,4%. O Ibex 35, da Espanha, teve baixa de 2,59% logo na abertura do pregão.
O setor de energia sentiu o impacto: o petróleo Brent caiu mais de 4%, chegando a US$ 59,77 o barril, menor valor desde fevereiro de 2021. O WTI, principal contrato dos EUA, recuou 4,3%, cotado a US$ 57,02. A pressão também veio da decisão da Opep+ de aumentar a oferta, o que intensificou a tendência de queda nos preços.
Nos Estados Unidos, os títulos do Tesouro foram vendidos em massa. O rendimento do título de 10 anos subiu para 4,51% antes de se estabilizar em 4,37%. Títulos de 30 anos ultrapassaram brevemente os 5%. Especialistas alertam para riscos sistêmicos: “A administração Trump pode estar brincando com nitroglicerina líquida”, afirmou Ed Yardeni ao Financial Times. Para Ben Wiltshire, do Citi, os movimentos indicam um possível “fim do status dos títulos americanos como porto seguro global”.
A medida também gerou críticas e revisões econômicas em vários países. O Banco da Inglaterra alertou para o aumento dos riscos à estabilidade financeira do Reino Unido. “O ambiente global se deteriorou, e os riscos de fragmentação do comércio e dos mercados financeiros aumentaram”, apontou o banco central britânico em seu relatório semestral.
Na Itália, o governo anunciou a redução da previsão de crescimento de 1,2% para 0,6% neste ano, atribuindo a decisão às novas tarifas dos EUA, que incluem sobretaxa de 20% sobre produtos da União Europeia. A primeira-ministra Giorgia Meloni disse que viajará a Washington em 17 de abril para discutir o tema com Trump.
Roma, que teve um superávit de 38,9 bilhões de euros com os EUA no ano passado, corre risco de ser duramente afetada: cerca de 10% das exportações italianas têm os EUA como destino. O Banco da Itália também revisou suas projeções para 2026 e 2027, agora estimando crescimentos de apenas 0,9% e 0,7%.
Na Espanha, o Banco Central informou que também irá revisar sua previsão de crescimento por causa do impacto das tarifas, mas ainda não definiu a nova estimativa. A previsão atual era de expansão de 2,7% para 2025, uma décima acima do projetado pelo governo de Pedro Sánchez.
A Rússia condenou publicamente as tarifas impostas pelos EUA. Para a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, a medida “viola as regras da Organização Mundial do Comércio” e demonstra que Washington “não se considera vinculado ao direito comercial internacional”.
A guerra tarifária entre EUA e China preocupa especialmente por envolver “as duas maiores economias do mundo”, destacou Zakharova.
Em Taiwan, as tarifas de 32% sobre produtos exportados para os EUA são vistas como um “grande desafio”. O ministro do Conselho Nacional de Desenvolvimento, Paul Liu, reconheceu que o objetivo oficial de crescimento de 3,14% para 2025 está ameaçado.
A pressão também atingiu o setor tecnológico taiwanês. A Foxconn caiu o limite máximo permitido, de 10%, e a TSMC teve perda de 3,8%, mesmo após o governo acionar um fundo de estabilização de US$ 15 bilhões.
No mercado cambial, o dólar recuou 0,7% frente a uma cesta de moedas. O iene japonês se valorizou 0,7%, cotado a 145,27 por dólar.
