Em artigo publicado nesta sexta-feira (18), o ex-presidiário e ex-ministro petista José Dirceu criticou a privatização da Eletrobras. A declaração foi feita em sua coluna no site Poder 360.
De acordo com o petista, a venda da estatal “provoca aumento no preço da energia e deixa país totalmente vulnerável”.
Ainda segundo ele, a soberania nacional “depende do controle de riquezas”.
“Neste jogo da privatização da Eletrobras todos perdem –empresários e consumidores. Só ganham os acionistas e controladores das empresas privatizadas”, afirmou.
“Todos os países que se prezam não privatizam empresas estratégicas, particularmente as do setor elétrico, mais ainda hidroelétrico. Não só por razões econômicas, mas de segurança nacional, pois se tratam de reservas estratégicas de riquezas finitas como petróleo, gás, energia e água –sim, a água é também reserva estratégica, pois está cada vez mais escassa no mundo. Inclusive em nosso país, onde a ocupação desordenada e especulativa da terra rural e urbana levou à poluição de nossos rios e aquíferos e à destruição de nascentes”, diz Dirceu em outro treco.
“Uma nação, para se manter soberana e independente, tem que controlar suas riquezas. Mesmo em países capitalistas os governos se apropriam de parte dessa riqueza, como no caso do petróleo, e constituem fundos soberanos. Na Arábia Saudita, a empresa Aranco acaba de transferir 4% de suas ações para o PIF, seu fundo soberano de US$ 1,7 trilhão para alavancar o desenvolvimento, principalmente da ciência e tecnologia, educação, infraestrutura física e social.
“A pergunta a ser respondida é: quem deve ficar com a riqueza da nação? Os investidores e proprietários, muitas vezes estrangeiros, ou o próprio país?”, questionou.
“Não bastassem todas essas razões que fragilizam a gestão do nosso sistema elétrico, o governo quer vender os ativos do Estado. E para não perder a tradição de entregar o patrimônio público à iniciativa privada a preço de banana, como na privatização da Vale e do Sistema Telebras e, recentemente, na venda de subsidiárias da Petrobras, quer vender a Eletrobras por uma bagatela”, disse o condenado em outro trecho.
“Trata-se de um crime lesa-pátria em um momento em que todas as nações que detêm ativos –seja petróleo, gás, capacidade hidroelétrica, eólica ou solar, biomassas ou energia nuclear– consolidam suas estratégias nacionais, fortalecem suas empresas públicas e constituem fundos públicos para pesquisar a transição energética a partir da renda desses ativos públicos. A emergência climática impõe a busca de novas fontes limpas de energia, como o hidrogênio, o que se tornou viável com o desenvolvimento tecnológico”, completou.