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Durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado Federal nesta terça-feira (27), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, foi alvo de fortes críticas do senador Omar Aziz (PSD/AM), que a culpou pelas obras paradas no país, incluindo a da BR-319. Em resposta, a ministra afirmou ser usada para camuflar a “incompetência” de outros governos.
“A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do País, eu lhe digo isso com a maior naturalidade do mundo. A senhora atrapalha o desenvolvimento do nosso País. Tem mais de cinco mil obras paradas por causa dessa conversinha, governança, nhem nhem nhem, blá blá blá”, afirmou o senador.

(Exército Brasileiro)
Aziz ainda afirmou que os amazonenses querem ter o direito de passear na BR-319. “Eu moro na Amazônia. Eu moro lá. A gente quer, sim, a BR-319, ministra, para passear, como a senhora disse. Queremos, sim! Nós temos o direito de passear na BR-319, e não é a senhora que não vai permitir que a gente passeie na BR-319. Nós, amazonenses, queremos ter o direito de passear na BR-319. A senhora passeia na Avenida Paulista hoje, e nós queremos passear na BR-319”, disse Omar Aziz.
“Bode expiatório” e histórico da BR-319
A ministra reagiu às declarações, lembrando que ficou 15 anos fora do governo e obras como a da BR-319 não foram realizadas. “Por que as pessoas tão dadas às coisas concretas não fizeram a BR? Mas existe um bode expiatório que, mesmo durante 15 anos, continuou sendo o bode expiatório, para esconder a incompetência daqueles que fazem promessas e não as cumprem. Isso é concreto, é concretíssimo. Ou não é verdade que, de 2008 a 2023, tem 15 anos? Por que o Governo Bolsonaro não o fez?”, questionou Marina Silva.
A BR-319, única ligação terrestre entre Manaus (AM) e o resto do Brasil, é um símbolo de promessas não cumpridas, com mais de 40 anos desde sua inauguração e 52 anos desde o início de sua construção. Iniciada na chamada “Marcha para o Oeste” de Getúlio Vargas, e depois como plano central da ditadura militar sob o slogan “Integrar para não entregar”, a rodovia permanece inacabada.
Cerca de 2 milhões de pessoas vivem praticamente isoladas do resto do país por via terrestre no meio da Amazônia. A rodovia federal tem aproximadamente 885 km de extensão, conectando Manaus a Porto Velho (RO). No entanto, longos trechos simplesmente não funcionam como rodovia, com o ponto mais crítico sendo o “trecho do meio”, de cerca de 405 km. Este segmento carece de pavimentação e sinalização, possui pontes improvisadas de madeira e lamaçais intransitáveis no inverno amazônico. Disputas judiciais e ambientais devem postergar uma solução definitiva para a “rodovia da lama” apenas para depois de 2026, quando o 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá terminado.
Marina Silva defendeu a governança sobre a pavimentação da BR-319, “com avaliação ambiental estratégica”, principalmente por haver aumento, segundo a ministra, de ações de desmatamento e de grilagem por conta da notícia da obra.
