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Um exame de sangue poderá prever quando pacientes com esclerose múltipla (EM) estão prestes a sofrer uma recaída em seus sintomas, revela um estudo recente.
Pesquisadores apresentaram na última segunda-feira (23), em uma reunião da Academia Europeia de Neurologia em Helsinque, que os níveis sanguíneos de uma proteína chamada cadeia leve de neurofilamento aumentam significativamente em pacientes com EM até um ano antes de uma recaída.
Essa detecção precoce pode auxiliar os médicos a se prepararem para uma recaída, garantindo tratamento oportuno e potencialmente retardando a progressão da EM, conforme apontaram os pesquisadores.
“Nossas descobertas apoiam significativamente a ideia de que a cadeia leve de neurofilamentos séricos (sNfL) tem um potencial real para integração na monitorização rotineira da EM”, afirmou em comunicado de imprensa a pesquisadora principal, Maria Martinez-Serrat, estudante de doutorado da Universidade de Medicina de Graz, na Áustria.
“Interpretado corretamente, poderia ajudar os médicos a antecipar a atividade da doença, avaliar a resposta ao tratamento e personalizar o cuidado para pacientes com maior risco e, em última análise, permitir intervenções mais precoces e direcionadas”, disse ela.
Entendendo a Esclerose Múltipla e a sNfL
A esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunológico começa a atacar a bainha protetora que reveste as células nervosas, chamada mielina. Isso causa danos extensos e irreversíveis, afetando a capacidade de movimento das pessoas, prejudicando a visão e causando problemas de humor e memória.
Pacientes com EM em estágio inicial frequentemente entram em longos períodos de remissão, com semanas ou meses de recuperação entre os surtos de sintomas.
Para verificar se essas recaídas poderiam ser previstas, os pesquisadores recorreram à cadeia leve de neurofilamentos, uma proteína liberada quando as células nervosas são danificadas.
“Nosso objetivo era explorar como os níveis de sNfL evoluem ao longo do tempo e como poderiam servir como um sinal de alerta clínico precoce de recaídas em ambientes do mundo real”, explicou Martínez-Serrat.
Resultados do Estudo
No estudo, os pesquisadores analisaram dados de 162 pacientes com EM acompanhados por cerca de 10 anos.
Os resultados mostraram que os níveis de sNfL podiam prever um surto de EM, mas apenas entre aqueles pacientes que não apresentavam sintomas no momento.
“Quando alguém já está em recaída, os níveis de sNfL são altos devido a uma lesão nervosa em andamento, o que limita seu poder preditivo”, disse Martínez-Serrat. “Mas durante a remissão, os picos inesperados de sNfL podem indicar uma patologia emergente oculta, tornando-a um sinal de alerta precoce eficaz”.
No entanto, o exame só conseguiu prever os surtos de EM com até um ano de antecedência.
A pesquisa reflete o dano nervoso atual ou recente, “o que a torna excelente para a avaliação de risco a curto prazo”, disse Martínez-Serrat. “Mas a predição a longo prazo é confundida por mudanças no tratamento, fatores de estilo de vida ou novos eventos inflamatórios”.
Os níveis da proteína também permaneceram elevados por até nove meses após a recaída de uma pessoa, o que reflete o tempo que o corpo pode levar para se recuperar, apontaram os pesquisadores.
Próximos Passos e Advertências
Embora a sNfL se mostre promissora como um exame para pacientes com EM, Martínez-Serrat alertou contra seu uso isolado.
“A EM é uma doença multifacetada, e a sNfL é uma peça do quebra-cabeça”, disse ela. “É possível que futuras pesquisas se concentrem em combiná-la com outros biomarcadores… para construir uma imagem mais completa da trajetória da doença”.
Os achados apresentados em reuniões médicas devem ser considerados preliminares até que sejam publicados em uma revista revisada por pares.
Para mais informações sobre a cadeia leve de neurofilamentos, a Cleveland Clinic oferece recursos adicionais.
FONTE: Academia Europeia de Neurologia, comunicado de imprensa, 23 de junho de 2025.
