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Os apelos para que se estabeleçam limites aos preços do gás na Europa continuam. Desta vez foi a ministra belga da Energia que advertiu que os próximos cinco a dez invernos podem ser terríveis para as famílias se a União Europeia (UE) não congelar os preços do gás e da eletricidade.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano, e com as consequentes sanções aplicadas a Moscou, os Estados-membros da UE têm enfrentado uma crescente crise energética com alta dos custos para os consumidores. A Rússia era responsável pelo fornecimento de 40% do gás consumido nos países do bloco comunitário e, nos últimos meses, também começou a restringir o abastecimento.
“Há uma necessidade urgente de estabelecer um preço máximo europeu”, escreveu no Twitter, nesta segunda-feira (29), Tinne Van der Straeten. “Isso pode reduzir a conta de energia em $ 770 euros por ano por família”.
De acordo com a ministra belga, os preços do gás na UE têm de ser congelados urgentemente. Ela disse ainda que a correlação entre os preços do gás e da eletricidade é artificial e tem de ser reformada.
O mercado europeu de energia, segundo Van der Straeten, “está falhando e precisa urgentemente de uma reforma”, uma vez que “não é mais sustentável para muitas famílias e empresas”.
“A eletricidade é produzida tão barata como no ano passado, mas está sendo vendida a preços recorde. Ao reformar [o modelo], estamos combatendo os lucros excessivos”.
Para além do gás, o preço da eletricidade também tem aumentado e atingiu novos recordes na UE, esta semana. A ministra de Energia da Bélgica afirmou que “não existe qualquer relação entre o custo de produção e o preço de venda” e, por essa razão, “este sistema europeu de formação dos preços da eletricidade tem de ser revisto”.
“Os próximos cinco a dez invernos serão terríveis se nada for feito”, advertiu. “Temos de agir na fonte, a nível europeu, e trabalhar para congelar os preços do gás”.
O governo belga já debateu uma proposta com a Comissão Europeia para estabelecer “um teto de preços europeu”. A ministra garante que vários países apoiam a “posição belga”, como a Alemanha.
“O tempo de falar acabou, agora é hora de decidir”, acrescentou, salientando que uma comissão consultiva irá reunir-se na quarta-feira (31) com o Executivo europeu.
Contudo, Van der Straeten considera que a situação “é muito complicada” e que é “importante pensar estruturalmente” e “promover as energias renováveis que são muito mais baratas”.
A presidência checa da União Europeia também admitiu, nesta segunda-feira, que quer uma solução transversal para mitigar os efeitos da escalada do custo da energia.
Está em cima da mesa a possibilidade de a Comissão Europeia generalizar os tetos de preço no gás, medidas que vão ser discutidas em conselho extraordinário.
O primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, adiantou que está negociando apoios para uma solução que chegue a todos os estados-membros.
Já o chanceler austríaco considera que o teto nos preços é uma medida de curto prazo apenas, pedindo por isso que sejam separados os preços da eletricidade e do gás.
“Temos de travar esta loucura que está acontecendo neste momento nos mercados energéticos”, defendeu Karl Nehammer, pedindo a queda dos preços da energia elétrica e também o fim da correlação entre os preços da eletricidade e do gás.
“Não podemos deixar [o Presidente russo, Vladimir] Putin determinar os preços da eletricidade europeia a cada dia.”
*Com informações de RTP