O relatório parcial da Polícia Federal (PF), de mais de 150 páginas considerou inconclusivas as investigações sobre os atos antidemocráticos. Segundo a CNN, que obteve acesso, no documento fala em “hipóteses criminais” e outros “eventos identificados” durante as investigações que podem virar outros inquéritos-filhotes do inquérito dos atos antidemocráticos, contudo deixa claro que a investigação principal não conseguiu avançar.
“Em relação à hipótese criminal supracitada, não houve avanço significativo na obtenção de dados que pudessem proporcionar o esclarecimento dos fatos, uma vez que não foi possível obter informações aptas a verificar se a SECOM adotou medidas que impedissem o direcionamento de recursos federais aos canais, ou se não teria impedido a utilização de backlists em sítios governamentais, argumentando a autoridade de domínio e permitindo a promoção de alguns dos canais”, diz um trecho do documento.
Ressalta ainda que, “não houve aprofundamento no entendimento de quais seriam os mecanismos de filtragem eventualmente disponíveis e/ou empregados pela SECOM, bem como quem seriam os servidores do governo federal diretamente responsáveis pelas ações/omissões que de alguma forma beneficiariam os canais indicados”.
“A instauração de inquérito policial específico para aprofundamento das situações notificadas, considerando que os fatos permanecem sem esclarecimento (…) foram identificados diversos eventos ainda sem elucidação, os quais ainda não foram claramente delineados e necessitam de aprofundamento”, diz o relatório.
“Foram identificados repasses dos parlamentares Aline Sleutjes, Elieser Girão, José Negrão Peixoto, Bia Kicis que somam o valor de R$ 30.300,00. De acordo com Sergio tais valores estariam relacionados a prestação de serviço de desenvolvimento de redes sociais de tais parlamentares”, aponta o documento.
“O presente evento traz elementos que apontam para a necessidade de aprofundamento, considerando a valores repassados. Sugere-se ao juízo que se determine a separação desse evento para permitir a instauração de inquérito policial próprio”, aponta na sequência o documento obtido pela emissora americana.
A delegada Denisse Dias Ribeiro, que assina o relatório datado do dia 18 de dezembro, justifica a sua sugestão de desdobramento da investigação em outros inquéritos.
“A proposição de separação de alguns pontos da investigação para apuração em separado tem por objetivo proporcionar a concentração dos esforços dirigidos ao objetivo de esclarecer os eventos dentro de prazo adequado, em respeito aos direitos e garantias constitucionais assegurados às pessoas em torno dos fatos em apuração e em atenção ao posicionamento da Egrégia Corte quanto à necessidade de a investigação observar o princípio da duração razoável do processo”, disse.