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O Brasil enfrenta a pior e mais extensa seca de sua história recente, resultando em um cenário de ar extremamente seco e difícil de respirar. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que quase 200 cidades em todo o país estão registrando níveis de umidade relativa do ar tão baixos quanto os do deserto do Saara.
As medições realizadas no domingo (08) indicam que a umidade relativa do ar tende a diminuir ao longo do dia devido ao aumento das temperaturas, atingindo seus níveis mais baixos à tarde.
Análises das estações do Inmet apontam que as cidades em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais apresentaram os piores índices, com nove cidades registrando umidade inferior a 10%. Esses níveis são comparáveis aos do deserto de Atacama, no Chile, o mais seco do mundo, onde a umidade é de 5%. Outras dezenas de cidades enfrentam índices de até 20%, o que é muito abaixo do recomendado para a saúde. No deserto do Saara, a umidade máxima é de 20%.
O monitoramento do Inmet, embora abrangente, não cobre todos os municípios brasileiros. A situação atual é exacerbada por três fatores principais: a estação seca, que reduz a quantidade de chuva e prolonga o período seco até outubro; uma seca histórica, a mais intensa dos últimos tempos, afetando todos os estados, exceto o Rio Grande do Sul; e calor intenso, com uma onda de calor em setembro elevando as temperaturas e, consequentemente, reduzindo a umidade.
Além disso, bloqueios atmosféricos, que impedem o avanço de frentes frias e chuvas, contribuem para a baixa umidade. Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, explica que a combinação de altas temperaturas e seca intensa agrava ainda mais a situação no país.
Meteorologistas alertam que a condição deve persistir nos próximos dias, com altas temperaturas e uma onda de calor em diversas regiões. Há um aviso de perigo para São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia, partes do Mato Grosso e Rio Grande do Sul, além de um aviso de baixa umidade abrangendo quase todo o território nacional.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma faixa de umidade entre 40% e 70% para a saúde humana. Níveis abaixo de 30% são considerados críticos e podem causar problemas respiratórios, cansaço, dores de cabeça, e ressecamento das narinas e olhos. O desconforto é maior para pessoas com doenças respiratórias, como asma, rinite alérgica ou bronquite crônica, que podem sofrer agravamento dos sintomas devido ao ar seco, que resseca o muco protetor das vias aéreas.